segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Luana Cordeiro

Por Iza Lopes

Luana Cordeiro, 26 anos, estudante de design de moda da Universidade Fumec. Na reta final de seu curso, possui uma bagagem de experiências no mercado. Trabalhou, quando adolescente, no comércio de vestuário feminino e infantil, sua primeira experiência. Tempos depois, mais madura e focada em sua carreira, teve a oportunidade de morar em Londres, Inglaterra, onde pode expandir suas idéias e adquirir uma nova interpretação do mundo fashion. Hoje cursando o 8º período na faculdade, se interessa por áreas do curso como Tecnologia Têxtil e Estamparia. Atualmente, se vê ligada à moda de várias maneiras e trabalha, eventualmente, em produções para comerciais televisivos (Fiat, Cemig, Aymoré). Ao contrário da grande maioria de estudantes do curso, Luana não pretende exercer o estilismo, mas atuar na gestão de moda - para ela, essa é uma área de grande importância no setor.

Retrós:
Em que momento, exatamente, você se viu “linkada” ao universo da moda?
Luana: Isso aconteceu quando me vi totalmente imergida no comércio. Aos 17 anos comecei a trabalhar na ‘Versátil’, loja de roupas da minha tia. No início, apenas em funções administrativas, mas logo em seguida passei a viajar para feiras e fazer as compras da loja.

Retrós: Esse primeiro contato com o comércio em que trabalhava já lhe possibilitou vislumbrar a satisfação e realização profissionais?
Luana: Sim! Aliás, me via mais satisfeita profissionalmente naquela época do que agora, à beira da formatura.

Retrós: O intercâmbio cultural foi em função da sua escolha pela profissão de designer de moda?
Luana: Na verdade, minha ida a Londres foi uma tentativa de “fugir” da faculdade de moda, mas lá tive outra visão que me fez reanimar em relação ao curso. Vi que a moda, definitivamente, não tem padrões! Ao contrário da moda brasileira, que parece insistentemente tentar se adequar. O cidadão londrino tem um jeito todo “à parte” de ser e se vestir; eles não se importam com padrões e opiniões alheias. Lá aprendi, também, que o belo é totalmente relativo.

Retrós: O seu contato e experiência, lá fora, te ajudou a nortear seus passos dentro da profissão?
Luana: De certa forma sim. Eu nunca quis ser estilista, mas lá eu decidi que, caso viesse a trabalhar nessa área, não aceitaria imposições “quadradas”, como o simples “ctrl + C / ctrl + V” da moda.

Retrós: De volta ao Brasil, algo diferente? Regressou mais animada para o ingresso nessa profissão?
Luana: Tudo diferente! Como eu disse, voltei com outra cabeça, outras intenções. Menos preconceito e disponibilidade em aceitar o diferente.

Retrós: O Brasil é ou tem um mercado apetitoso?
Luana: Eu diria que TERIA. O produto brasileiro é muito bem visto em todo o mundo, pela qualidade e identidade. Mas ainda temos a mentalidade de que somos inferiores e alguns insistem em se inspirar demais em grandes marcas. Inspirar, que digo, é no sentido de copiar mesmo. Quando os criadores daqui se derem conta da capacidade que têm de criação e inspiração, a moda brasileira vai explodir e dominar o mercado mundial, sem exagero!

Retrós: As suas aptidões dentro do curso, estamparia e tecnologia têxtil, serão foco depois de formada?
Luana: Ainda não estou certa, mas isso me influenciou em alguns fatores. Por exemplo, após ser monitora de estamparia, percebi que talvez eu me dê bem na área acadêmica; o que seria uma boa opção pra quem não quer ser estilista!
E na área Têxtil, já tive intenções de atuar no segmento da indústria mesmo, o que ficou ainda mais claro após visitar uma fábrica no meio do curso.

Retrós: Os comercias televisivos e outras ocupações atuais: apenas trabalhos momentâneos ou pretende algo, junto à profissão de designer, futuramente?
Luana: Foi uma oportunidade diferente para mim. Gostei. Surgiu de repente e gerou uma experiência relevante. Não pretendo atuar exclusivamente nisso, mas vejo como um link de grande importância na minha formação e profissão.

Retrós: Por que não o estilismo? É uma carta totalmente descartada na sua carreira?
Luana: Sou realista, não me vejo como grande criadora, apesar de criar eventualmente. A criação, querendo ou não, fez e faz parte da minha formação, mas não é algo que me vejo fazendo “pro resto da vida”. O que não significa ser algo totalmente descartado neste momento.

Retrós: A questão da gestão – administrar e dar suporte a todo o espetáculo da moda – te interessa mais em quais aspectos? Ficar fora do glamour de todo esse universo não causa algum temor?
Luana: De forma alguma, pelo contrário! Estar um pouco afastada desse glamour e todo esse envolvimento, quase hipnotizante da moda me dão o que mais preciso na parte de gestão de moda que é agir com bastante racionalidade e certeza de negócios.

Retrós: Quais são suas pretensões futuras? Dá para ligar a satisfação e o prazer da profissão com a remuneração?
Luana: Creio que sim, apesar de não ter atingido esse patamar ainda. Após formar em moda pretendo uma segunda graduação, provavelmente Relações Internacionais ou Comércio Exterior, para então atuar melhor na área que pretendo.

Retrós: Alguma queixa ou insatisfação evidentes dentro desse campo?
Luana: Percebi uma grande falha no curso de moda em relação à área de gestão de moda. O curso todo é muito direcionado para a criação, o que nem sempre é o interesse de todos os alunos. Faltou apoio no segmento administrativo e de conhecimentos de mercado. Por isso pretendo buscar conhecimentos em especializações.

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