segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Laura Werneck

por Nicole Fiorini


Laura Werneck, 25, é um caso clássico de quem teve que provar para a família que a moda pode ser encarada de forma séria e profissional. Ela abandonou o conceituado curso de Direito já no 5º período, tentou se encontrar na faculdade de publicidade, mas somente quando decidiu cursar moda, ela se viu realmente interessada e envolvida dentro de uma profissão. Hoje Laura é estagiária de marketing de um grande shopping em Belo Horizonte.


Retrós: Muitas pessoas passam dificuldades com uma família tradicional para estudar moda. Como você lidou com esse desafio? 

Laura: Realmente meus pais sempre foram muito rígidos, mas acho que talvez meu próprio medo de ir para um campo diferente das minhas amigas e também da minha família tenha sido muito mais difícil de lidar do que a rigidez em si. Quando meu pai morreu eu ainda não estava na faculdade de direito, foi mais fácil falar em estudar moda com minha mãe. E o que mais ajudou minha mudança foi minha independência financeira, pois como era eu quem pagava minha faculdade eu vi que precisava fazer algo que me realizasse.

Retrós: Você cursou direito por muito tempo. Deve ter sido uma decisão muito difícil abandonar um curso em um estágio tão avançado. Conte-nos mais sobre essa decisão: 

Laura: Foi muito difícil. Eu comecei a ter dúvidas quanto ao curso no terceiro período e fiquei adiando isso durante 1 ano até decidir tentar outra coisa. Quando entrei na faculdade tinha 17 anos e achava que direito era o que eu queria e minha única possibilidade, já que não me identificava com outras coisas que meus colegas faziam. Quando saí estava completamente confusa e assustada, porque eu precisava decidir alguma coisa, mas não sabia o quê. Publicidade foi a solução mais óbvia já que essa era a profissão da minha mãe. Comecei a trabalhar com ela e achava que ainda não tinha me encontrado, até que uma amiga me deu um “empurrãozinho” para a moda. Eu sempre gostei de moda, mas não sabia o leque de possibilidades que existiam dentro dela e nem tinha percebido, até então, que eu podia fazer o que eu quiser, que era eu quem tinha que escolher, não minha família ou meu colégio. Até hoje muitas pessoas, como minha vó, não sabem que eu larguei o curso de direito.

Retrós: As faculdades que você passou até chegar no Design de Moda são de áreas bem distintas. Elas te ajudaram como articulação de conhecimento?

Laura: O Direito me ajudou com a visão de faculdade, pela rigidez e muito com o português, que era o tempo todo praticado. Já a Publicidade me ajudou a encontrar os campos da moda que eu mais me identifico, que é o marketing e produção.

Retrós: Você diz que não quer trabalhar com criação, quais áreas da moda mais lhe interessam?

Laura: Quando eu entrei no curso de Design de Moda, achava que não era necessário saber desenhar para ser estilista, mas hoje eu vejo que é muito importante saber passar para o papel o que estamos imaginando, e essa é minha maior dificuldade. Sempre gostei muito de moda e de escrever, então logo no início já imaginava que ia acabar indo para a área de jornalismo ou marketing, já que era uma coisa com a qual tinha trabalhado. Produção de moda é uma área que toda garota gosta desde criança ao brincar com bonecas e eu não sou diferente.
Hoje eu faço estágio no marketing de um shopping em Belo Horizonte, e estou gostando bastante.

Retrós: Como é a rotina de um departamento de marketing de um shopping?

Laura: O marketing do shopping é uma correria, já que envolve trabalhar com diversas pessoas em diferentes tarefas. No estágio eu ajudo no blog do shopping, produzindo a moda e os layouts dos posts, pesquiso tendências para escolher a pauta do blog. Verifico diariamente todas as vitrines e lojas para conferir se estão OK. Atendo lojistas que têm interesse em fazer propaganda tanto dentro do shopping, como nas redes sociais. Também publico o painel de empregos, as notícias, a programação de cinema do shopping no site. Faço análise do nosso mix de lojas e dos concorrentes Faço análise das campanhas lançadas por nós e pelos concorrentes, acompanho produção e fotos das nossas campanhas, entre várias outras coisas.
São muitas tarefas, dentro e fora da moda, algumas chatas outras não, como todo emprego, imagino.

Retrós: Agora que você atua no mercado, como é sua visão como profissional? Mudou muita coisa desde a época que você só fazia a faculdade?

Laura: Uma das coisas que eu vi no meu estágio é que o marketing controla quase tudo o que acontece no shopping. Vai muito além das campanhas que eu via quando estava só estudando. Por exemplo, a limpeza do shopping também faz parte do marketing, pois ele tem que estar sempre brilhando. Por exemplo, se eu estiver andando e ver um papel no chão eu tenho que recolher, ou se tem alguma coisa errada eu tenho que chamar alguém responsável, e por vezes isso envolve bombeiros, eletricistas, mecânicos, seguranças, shopping-moças, jardineiros, faxineiros. Tudo tem que estar sempre muito coordenado para o shopping funcionar.

Retrós: Quais são suas perspectivas com relação ao mercado de moda brasileiro? Como você o imagina em um futuro próximo? 

Laura: Acho que o mercado de moda está crescendo no Brasil, mas ainda tem muito para crescer em Belo Horizonte.Espero que com a consolidação do Minas Trend,o mercado mineiro se amplie e se fortifique, abrindo outros caminhos da moda que são quase inexistentes em Belo Horizonte, tais como jornalismo, produção, styling e o próprio marketing de moda.

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