segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Gabriela Faria

por Letícia Gaio


Procedente da cidade mineira de Sete Lagoas, Gabriela Faria, 21 anos, se mudou para capital há três anos para cursar Design de Moda na Universidade FUMEC. O gosto pela moda é antigo. Ela relembra que em sua infância costurava as roupinhas de suas bonecas com a ajuda da avó. Sempre atenta ao ramo da moda, participou de um curso de verão oferecido pela FUMEC na Universite Lumiere Lyon na França, onde, além aprender assuntos relacionados à moda, teve oportunidade de praticar a língua francesa.

Retrós: Você afirma que pela moda vem desde a infância, mas quando foi que você decidiu transformar uma brincadeira que nasceu de criança na sua escolha de carreira profissional? Alguém te influenciou nesse processo?

Gabriela: A minha decisão de seguir uma carreira em moda foi tomada quando tinha 17 anos, no final do ensino médio. Estava prestes a fazer vestibular, e não fazia idéia do que cursar nem onde, já que até aquele momento, um interesse específico relativo a algum curso superior. Ai conversei muito com minha mãe que me aconselhou a escolher um curso que me satisfizesse, já que seriam mais ou menos 4 anos de faculdade, e eu estava escolhendo uma profissão pra uma vida toda. Ela fez questão de frisar que o importante não era o salário inicial, mas a satisfação pessoal que eu teria. A partir dessa conversa, a minha decisão foi fácil, porque só duas coisas me dariam tal satisfação, a moda e o cinema, inscrevi na UFMG e PUC para o curso de comunicação social, e na FUMEC para design de moda. Passei nos três e descartei a comunicação, já que estudaria cinema apenas um semestre do curso todo, o que não me iria satisfazer, ao contrario do curso de moda.

Retrós: Você participou de um curso de verão na Universite Lumiere Lyon 2, na França. Conte como foi essa experiência e de que forma ela foi positiva para sua formação.

Gabriela: O curso de verão que fiz em Lyon foi a melhor experiência em moda que já tive. Além de conhecer pessoas novas, uma cultura bastante diferente da nossa, e praticar a língua francesa, eu tive aulas de diversos assuntos da moda do ponto de vista Francês, o que foi incrível, já que a historia da França com a moda é muito diferente da do Brasil. Foi muito interessante também ver o que eles pensam a respeito da moda e do mercado brasileiro, além de conhecer museus de chapéus e calcados, que são acessórios que me interessam muito. Também visitamos estamparias e fabricas de tecidos, algumas confecções e ateliers prêt-à-porter, e o que pude perceber desses lugares, e que mesmo o Brasil sendo considerados um país ascendente, e a Franca o berço da moda, não ha muita diferença nos processos, máquinas e nas fábricas em geral. Mas os pontos mais importantes para minha formação foram, sem dúvida, aprender a me virar em situações num país novo, onde a língua não é a minha nativa e as pessoas têm uma cultura muito diferente da minha e também descobrir o interesse pelo eco- design algo que eu tinha muito preconceito em estudar, mas que me cativou apos uma aula com um ponto de vista novo.

Retrós: Quais foram suas impressões sobre o Design de Moda Francês. Pontue as diferenças e semelhanças com a moda brasileira.

Gabriela: A maior impressão que tive é que o design de moda Francês está bem mais atento ao eco design e a sustentabilidade do que eu pensava. Percebi também que as fábricas de tecido não são tão diferentes das nossas. Achei por exemplo, uma das estamparias que visitei bem precária em se tratando de instalações de primeiro mundo. Acho que a maior diferença entre a moda brasileira e a francesa é a matéria prima. Conhecemos um brasileiro que vive em Lyon ha 20 anos, e tem uma marca de design de jóias bem sucedida que trabalhada apenas com matéria prima brasileira que vai de raízes e fios até pedraria. Acho que a maior semelhança está nos processos de fabricação de tecidos, por exemplo, nos maquinários, nas instalações...

Retrós: No ramo da moda qual é a sua área de afinidade? Você pretende se estabelecer nessa área quando formada?

Gabriela: Gosto mais do aspecto teórico na moda e das pesquisas. Interesso-me também por jornalismo de moda e produção / editorial. Ainda não tenho certeza qual dessas áreas seguirei.

Retrós: Você acredita que a faculdade te preparou com habilidades e competências suficientes para o mercado de trabalho.

Gabriela: Sim. Acredito que a faculdade nos prepara de um modo mais amplo, já que há vários caminhos na moda que podemos seguir. Pessoalmente, tenho vontade de fazer mais cursos preparatórios, independente da área de mercado que atuarei.

Retrós: Você já participou de desfiles?

Gabriela: Apenas dos desfiles feitos pela FUMEC, e adorei.

Retrós: Como foi a experiência de mostrar seu trabalho a sociedade?

Gabriela: Gosto muito da parte de produção, então gostei do processo de montar o look mais do que o de criar, e é muito bom ver nossa criação no contexto de um desfile grandioso.

Retrós: Como acontece o seu processo criativo ao desenvolver uma coleção. Onde busca suas inspirações?

Gabriela: Meu processo criativo sempre começa com o brainstorm, depois fica muito iconográfico, passo para uma pesquisa histórica ou científica, e por esses três estágios desenvolvo cartela de cores, shape, tecidos, etc, e ai vão analisando outros lados do projeto, às vezes fica um trabalho mais psicológico, às vezes ficam mais subjetivo, outras fica mais comercial. Na maioria dos meus trabalhos, encontrei a inspiração no cinema.

Retrós: Como você define o que é moda?

Gabriela: Minha definição de moda está mais ligada ao estilo, ao que significa pra cada um, o que faz bem, o que te deixa confortável. Entendo também que moda esta sempre mudando, e que é uma coisa cíclica.

Retrós: Como você vê o plágio na moda e porque surgiu o interesse de abordar esse tema em sua monografia?

Gabriela: O plágio na moda está presente em várias formas, na pirataria de produtos de grifes, na copia descarada de roupas de diferentes estilistas, no uso de assinaturas de uma marca no produto de outra, na briga por registro de patentes. Até onde vai inspiração e quando começa a ser cópia?... Eu sempre me interessei por esse tipo de discussão, principalmente quando li uma matéria que discutia sobre a cópia na moda, foi aí que resolvi pesquisar mais e descobrir por que isso e um fenômeno tão crescente assim.

Retrós: Você já teve alguma experiência profissional na área da moda?

Gabriela: Ainda não tive nenhuma experiência profissional, mas espero ter uma em breve pois pretendo começar a fazer estágio.

Retrós: Quais são suas referências no mundo da moda?

Gabriela: Minha principal referência é o cinema e as pessoas ou personagens que o cercam, principalmente os mais antigos.

Retrós: Qual será seu próximo passo depois da graduação. Você já tem algum projeto para o futuro?

Gabriela: Pretendo fazer uma Pós Graduação, já que me interesso muito pelo lado acadêmico teórico da moda.

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