quarta-feira, 15 de junho de 2011

A Rainha da Moda

Por Fernanda Vittori e Manuela Gastal
Alunas do 8º período de Design de Moda na Universidade Fumec/FEA.
Resumo:
O presente artigo trata-se de uma análise de alguns fatos bibliográficos importantes sobre a rainha da França, Maria Antonieta, até hoje lembrada como um grande exemplo de moda e estilo.
Palavras-chave: Maria Antonieta; moda; estilo.
Maria Antonieta tornou-se rainha da França em 1774. Sua trajetória de altos e baixos, do glamour extravagante à completa derrota, fez com que sua história fosse conhecida por todos. Contudo, há muito que dizer sobre esse ícone da moda, além da sua ida para os salões de Versalhes e seu trágico fim na guilhotina. Raramente enfatizam como as escolhas de seu vestuário desempenharam um papel determinante tanto da sua própria sorte, quanto no da monarquia francesa como um todo.
Desde o momento em que Maria Antônieta, a arquiduquesa de 14 anos nascida na Áustria, chegou à França para se casar com o herdeiro do trono Bourbon Luís XVI, o vestuário e a aparência se tornaram essenciais para seu sucesso e sua permanência em Versalhes. Ela foi redesenhada dos pés a cabeça, desde criança, já que sua aparência decidiria seu sucesso ou fracasso como esposa real francesa.
No entanto, em seus primeiros dias em Versalhes, Maria Antonieta mostrou-se revoltada contra a etiqueta, transformando suas roupas e acessórios em expressões de autonomia e prestígio. Ela tinha identificado a moda como uma arma em sua luta por prestígio pessoal, autoridade e, algumas vezes, por mera sobrevivência na corte francesa. Dando início a uma série de experimentos estilísticos que foram uma verdadeira revolução na indumentária da época.
Durante os sete primeiros anos de seu casamento com Luís Augusto, o jovem se recusou a consumar a união, o que deixou Maria Antonieta em uma posição desconfortável, já que seu lugar em Versalhes não estaria seguro a menos que ela desse um herdeiro à dinastia Bourbon. Isolada e hostilizada, Maria Antonieta tinha que encontrar outro meio de se estabelecer na França, por isso resolveu combater seus inimigos “com estilo”, através de suas roupas e acessórios não convencionais. Ela era uma dama extremante graciosa e bonita para os padrões da época. Compreensiva com o marido, ela aceitava sem reclamar a sua falta de interesse sexual, no entanto com ele teve filhos. Maria Teresa também chamada de Madame Royale, o delfim Luís José, Luís Carlos e Madame Sophie, que morreu ainda bebê.
Uma das modas que a caracterizaram foi o pouf _ um grandioso penteado, que em 1770 era obrigatório. O cheiro de pó-de-arroz, e de pomada aplicada antes para fixá-lo, tornou-se um dos perfumes predominantes em Versalhes. A segunda prática simbólica era a aplicação de generosa camada de ruge nas faces, não um sombreado delicado, mas imensos círculos bem traçados com uma cor quase escarlate.
Os desestruturados vestidos chemise também foram adotados pela rainha, como uma reação contra as rígidas armações de saias e espartilhos. Isso fez com que surgisse uma reação violenta dos cortesãos que se opunham à sua ascensão e se irritavam com o descaso de Maria Antonieta para com os costumes reais. O caro vestuário de Maria Antonieta causava também a revolta da população francesa, por sintetizar a vasta desigualdade econômica. Ela foi pioneira em um comportamento que hoje é comum entre os famosos, fazia aparições estratégicas e passava informações sobre seu modo de vestir para a mídia, com isso, seu estilo alcançou as massas. Até hoje ela é considerada uma referência de moda e estilo, e serve como inspiração para muitos artistas, estilistas e estudantes de moda e design em geral.
O paradoxo resultante da carreira de Maria Antonieta como figura pública foi que, apesar de sua apreensão intuitiva do potencial do vestuário para expressar status e força, ela muitas vezes avaliou mal as reações que seu vestuário despertaria nos súditos. O fato de que se apresentava para aristocratas e plebeus, significava quase necessariamente que não podia agradar a todos ao mesmo tempo. Na maior parte das vezes, porém, sua rebelião na indumentária gerava queixas em ambos os contingentes, a tal ponto que a nobreza e os pebleus, imensamente separados em tantas questões políticas, chagaram a um explosivo consenso em seu ódio a Maria Antonieta.
Antes que as forças revolucionárias tomassem Versalhes de assalto em outubro de 1789, a coleção de Maria Antonieta enchia três aposentos inteiros do castelo: salas que eram abertas ao público e proporcionavam aos visitantes em primeira mão os incontáveis acessórios e vestidos da rainha. Após a insurreição de outubro, os monarcas foram forçados a se mudar para as Tulherias, sua residência parisiense; muitas roupas de Maria Antonieta não danificadas na invasão foram enviadas para lá. Contudo, nem esses trajes nem os novos que ela encomendou quando estava em Paris sobreviveram ao tumulto posterior da Revolução. Em junho de 1791, durante a tentativa abortada da família real de fugir da capital, consta que uma multidão de saqueadores invadiu as Tulherias e pilhou os armários da rainha fugitiva.
Maria Antonieta provou através da mudança da indumentária, o seu valor como ícone de moda ao abandonar o estilo elaborado que marcou o vestuário da segunda metade do século XVIII para um estilo mais simples, de referências clássicas, que seria adotado mais tarde, após a Revolução Francesa e iria se constituir como o estilo de moda predominante no começo do século XIX.  A rainha é lembrada até hoje, por ter criado uma moda própria que refletisse o esplendor do seu reinado, Maria Antonieta entendia o poder que a roupa tem de sugerir e influenciar as pessoas.
A história de vida da rainha francesa já foi apropriada pela cultura pop inúmeras vezes. No cinema, ela apareceu pela primeira vez em Marie Antoinette de 1938, onde  era interpretada pela atriz Norma Shearer, no filme dirigido por W. S. Van Dyke. Também de mesmo nome, o filme ganhador do Oscar de melhor figurino em 2006 teve direção e o roteiro elaborados por Sofia Coppola, onde o papel principal coube a Kirsten Dunst.
Outras aparições da rainha no cinema foram nos filmes O enigma do colar, de 2001 e Casanova e a Revolução, de 1982. Outro filme sobre a história da rainha está em curso com a adapatção do livro “Les Adieux à la Reine”, de Chantal Thomas. A história acompanha o relacionamento entre Maria Antonieta e uma serva, cujo trabalho era ler histórias para a rainha, durante a Revolução Francesa.
Na música, ela já foi incorporada pela também rainha Madonna em duas oportunidades: Em 1990, na lendária apresentação de “Vogue” no MTV Music Awards e em 2004, clicada pelo Steven Klein para a divulgação da turnê Re-Invention. Nos shows a cantora usou figurinos desenhados pelo Christian Lacroix, inprirados na rainha.
Maria Antonieta foi condenada à morte e em 16 de outubro de 1793, foi guilhotinada em praça pública. Os fragmentos que restaram de seus trajes são incapazes de recriar a grandiosidade e a glória dessa rainha. Seus restos mortais e de seu marido Luís XVI encontram-se atualmente na catedral de Saint-Denis, onde foram novamente sepultados, na cripta dos Bourbon, em 1815, depois da restauração da monarquia.


Referências:
WEBER, Caroline. Rainha da Moda: como Maria Antonieta se vestiu para a Revolução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2008.
BOUCHER, François; DESLANDRES, Yvonne. A História do vestuário no Ocidente. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
FRASER, Antonia. Maria Antonieta. Rio de Janeiro: Record, 2006.  

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