segunda-feira, 14 de março de 2011

Fernanda de Freitas

Por Thamiris Piló Machado


Fernanda de Freitas, 23 anos, nascida na cidade de Itaúna / MG, é estudante de moda na Universidade Fumec, onde atualmente cursa o 6º período. A designer descobriu a moda por acaso, enquanto pensava em fazer arquitetura. Apesar de ser filha de costureira e desde cedo ter tido contato com esse mundo, desconhecia a existência de um curso próprio do Design de Moda. Mesmo com certa insegurança e com todas aquelas dúvidas levantadas por pessoas próximas, resolveu arriscar-se por este caminho - ato do qual não se arrepende. Nessa entrevista ela nos fala um pouco de sua visão geral da moda, suas aptidões, paixões e experiências profissionais.


RETRÓS – No ano de 2010, você passou por uma experiência de dois meses na loja de tecidos Casa das Fábricas. Quais eram as funções exercidas lá?
FERNANDA – Fui contratada como vendedora de tecidos, mas não era simplesmente vender tecidos, me considerava uma personal stylist. Ajudava na criação de uma roupa, na escolha do tecido adequado para a roupa que o cliente queria, a modelagem ideal para o tipo de corpo, a metragem, cores e ainda aprendíamos sobre táticas de venda.

RETRÓS – Qual foi o seu aproveitamento acadêmico nesse estágio?
FERNANDA –  Foi uma experiência ótima. Na faculdade há uma carência de parte prática da área têxtil. Temos um aprendizado mais técnico sobre composição dos tecidos, fibras e simbologia de conservação do produto. No estágio, realmente pude aplicar o que aprendi e enriquecer mais meu conhecimento. Conheci melhor os tecidos e aprendi também sobre costura, modelagem e moulage, em que colocávamos o tecido diretamente sobre o corpo da cliente. Assim a cliente podia ter uma idéia melhor de como ficaria a roupa, e isso também era uma tática de venda.

RETRÓS –  E o aproveitamento pessoal?
FERNANDA – Tive um grande aproveitamento pessoal durante meu estágio na Casa das Fábricas. Do atendimento ao cliente até a saber lidar com pessoas diferentes e negociar a mercadoria.

RETRÓS – Quais são as influências/elementos que estão sempre presentes em seu trabalho?
FERNANDA – Sempre busco influência na música, cultura, sociedade, história em geral. Tento encaixar assuntos variados, abrir a cabeça para tudo que está em volta. Gosto de me inspirar em designers que admiro, como Vivienne Westwood, que tem o punk rock como elemento do seu trabalho, o Alexandre Herchcovitch, Yohji Yamamoto pelo seu minimalismo. Cada vez mais vou ampliando minhas influências.

RETRÓS – Você já considerou mudar seu curso para o design gráfico. O que impulsionou essa vontade?
FERNANDA – Durante o curso, os primeiros períodos são em conjunto, então acabei conhecendo um pouco sobre o design gráfico. Fiquei interessada porque sempre gostei da área gráfica na moda, por ter facilidade com softwares. Acho que o gráfico é um grande complemento para a moda. Saber como se faz um editorial, um catalogo, trabalhar com a parte gráfica. Sinto falta dessa área. Tenho dificuldade no processo de criação dos meus projetos acadêmicos voltados para a área gráfica, mas estou me aperfeiçoando  estudando em alguns livros de design gráfico.


RETRÓS – A área de estamparia te interessa bastante. Você se interessa pelo processo completo da serigrafia (desde a elaboração de estampas até a impressão no tecido) ou somente pela área da criação das estampas em si?
FERNANDA – Essa é a área que mais gosto. Desde o estudo para criação de estampa até a impressão. Estou aprendendo neste semestre as técnicas para estampar. Ainda tenho algumas dúvidas sobre qual apresentação final vou desenvolver no TCC. Mas, se for uma produção de moda ou desfile, quero focar na estamparia com modelagens minimalistas.

RETRÓS – E a fotografia, sua segunda paixão? Como você explora essa sua outra área de interesse?
FERNANDA – A fotografia sempre foi uma paixão. Antes de entrar para a faculdade, queria como profissão, mas tinha muita insegurança no mercado de trabalho. Como se tornou um hobby, gosto de fotografar minha família, amigos, pessoas na rua, montar produções. Acho uma delícia fazer a edição das fotos!

RETRÓS – Além da estamparia e da fotografia, você se destaca em alguma outra habilidade desenvolvida no curso?
FERNANDA – No segundo semestre de 2010 cursei costura industrial, e estou gostando muito de produzir minhas peças. Me arrependo de não ter aprendido a costurar  anteriormente com minha mãe. Não tinha muita paciência, achava difícil. Ainda acho. Na verdade, tem que ter muita persistência pra costurar. (risos) Engraçado como isso acabou se tornando uma terapia pra mim.

RETRÓS – O que é moda para você?
FERNANDA – A moda é cheia de conceitos. Frequentemente é vista como algo fútil. Sempre percebi aquele olhar preconceituoso quando falava que estudava moda. Mas moda para mim é comportamento, atitude, personalidade, desejo, comunicação. Com o que vestimos, podemos dizer para as pessoas quem somos, o que queremos, ou fingir o que somos. A moda te deixa livre para você ser quem quiser, podendo criar ou não um personagem. É uma forma de mídia, identidade social. Pode ser usada como manifestação, seja ela pessoal ou social. 

RETRÓS – Qual o papel da moda na sociedade?
FERNANDA – A moda cumpre um papel importante na sociedade, principalmente quando se fala no capital. O que ela gera economicamente para um país é exorbitante, afinal, todo mundo gosta de consumir. A moda também tem o papel na sociedade, como disse anteriormente, de identidade pessoal, social, de comunicação através da roupa. Também serve na sociedade para identificação em ambientes específicos, com os uniformes que servem também para a segurança na sociedade.

RETRÓS – E para o futuro, quais são seus projetos? Você considera abrir uma marca própria mais voltada para a estamparia?
FERNANDA – Meu foco para o futuro será na área têxtil na criação de estampas. Como pretendo depois de formada cursar design gráfico ou fazer uma pós, posso optar também por trabalhar nessa área. Penso em criar uma marca focada em estamparia como projeto paralelo aos meus objetivos principais, mas é algo que quero desenvolver em sociedade com algum amigo da área. São muitos planos, afinal, a moda tem um leque muito amplo para a gente poder escolher onde focar.

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