segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Moda e comunicação

Por Marcella Resende, Paula Beatriz e Paula Duarte, Alunas da 8º período de Design de Moda da Universidade FUMEC/FEA.

Resumo:
O presente texto trata-se de uma resenha do livro Moda e Comunicação de Malcom Barnarad. Nele o autor fala sobre como que as coisas que as pessoas vestem são significativas e possuem um sentido. Procura ainda explicar que gêneros de significados moda e indumentária podem ter; como esses sentidos se produzem ou são gerados e como ambas comunicam esses sentidos.

Palavras-chave: Moda; Indumentária; Comunicação

Segundo o Dicionário Oxford o sentido original de fashion refere-se à idéia de fetiche, ou de objetos que são fetiches, uma vez que facere é também a raiz da palavra fetiche. Pode bem ser que os itens de moda e indumentária sejam os produtos mais fetichizados entre fabricantes e consumidores na sociedade capitalista. Como verbo, “fashion” tem sentido de atividade, de fazer ou fabricar.

Deve-se ter notado que, tal como a palavra “fashion”, os termos “adornment” (adorno), “style” (estilo). “dress” (vestimenta) e “clothing” (indumentária) também podem ser usados, na língua inglesa, ou como verbos ou como substantivos.

Falar sobre moda, indumentária, vestimenta, adorno e estilo simplesmente não é o caso de se considerar serem essas idéias e conceitos facilmente diferenciados ou separados uns dos outros e discernidamente estudados, além de suas relações mútuas ou fora do contexto no qual são encontrados. Deve ser nossa responsabilidade, como estudiosos desses assuntos, determinar que sentido de “moda” ou “indumentária” está sendo empregado, cada vez que aparecem essas palavras.

Em termos de moda e indumentária, esse modelo pode ter algum apelo imediato ao senso comum. Parece intuitivamente correto dizer que uma pessoa envia mensagens sobre si mesma com os estilos e roupas que usa. A experiência do dia-a-dia, em que as roupas são selecionadas de acordo com o que a pessoa vai fazer naquele dia, com o estado de humor em que se encontra, com quem espera encontrar, surge para confirmar a impressão de que modas e trajes são usados para enviar mensagens sobre si mesmo a outrem.

Esta parte lançará um olhar a diversos conceitos de cultura de modo a poder dizer que gênero de fenômeno cultural são a moda, a indumentária e a vestimenta. Em última instância, “cultura” deriva da palavra latina colere, que significa habitar, cultivar, proteger e honrar com adoração. Dessa palavra derivou-se a palavra cultura. Cultura referia-se principalmente a idéias de cultivo e de cuidado; os primitivos empregos da palavra “cultura”, em inglês, no princípio do século XV, sublinhavam essa idéia de cuidar da colheita e dos animais. Parece ter ela significado o que hoje entendemos por agricultura, ager e agir sendo palavras latinas para campo(s) ou terra(s). É fascinante notar que, mesmo nesse estágio primitivo do histórico da palavra, há uma conexão metafórica sendo feita na mente das pessoas entre as noções de vestuário e cultura.

Williams Herder considera ser necessário falar de muitas linhas diferentes de desenvolvimento cultural. Nesse sentido propõe um conceito multilinear de cultura, em que cada linha seria tão valida e interessante em seus próprios termos como qualquer outra. Williams, discute ser necessário falar de culturas no plural:

As específicas e variáveis culturas de diferentes nações e períodos, mas também as específicas e variáveis culturas de grupos sociais e econômicos dentro de uma nação. (Williams 1976: 79)

As idéias, as crenças e os valores dos grupos, expressos na moda e na indumentária, e usados para desafiar crenças, valores, idéias e experiências de outros grupos, podem ser chamados de ideologias daquelas grupos. As ideologias associadas e esses grupos também podem ser tidas ou como dominantes, ou como subservientes. Marx e Engels escreveram em A ideologia alemã que:

As idéias da classe dominante são em todas as épocas as idéias dominantes, isto é, a classe que constitui a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, a sua força intelectual dominante. (Marx e Engels 1970:64)

Moda e indumentária, portanto, não são apenas meios pelos quais os grupos sociais se constituem como grupos sociais e comunicam suas identidades.  O termo usado para descrever essa situação é “hegemonia”.

O exemplo do punk pode ser compreendido como um fenômeno ideológico mais explicito. E possível ver, no uso de correntes de privadas, sacos de lixo, alfinetes de segurança, "tecidos de pouca qualidade e "baratos"...modelos vulgares...e cores "irritantes" ", documentados por Hebdige (1979: 107), uma agressão ideológica aos valores estéticos das classes dominantes, senão do próprio capitalismo. Correntes, sacos de plástico e alfinetes de segurança não são usados pelas classes dominantes como decoração, roupa ou jóia nem são necessariamente usados nas partes do corpo em que as classes dominantes colocariam decoração ou jóia.

Podemos, agora, lançar um pouco mais de luz no debate que concerne ao status curioso da moda e da indumentária na cultura contemporânea. Porém, no relato de Williams, a criação e o uso de moda e indumentária são vistos como versões ou formas de criatividade. De acordo com Williams, as artes, entre as quais pode figurar a criação de moda, são vistas como produção cultural. Como tal, moda e indumentária são produtoras do mundo em que vivemos.

Referências:
BARNARD, Malcolm. Moda e Comunicação. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Ed. Racco, 2003.

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