segunda-feira, 14 de março de 2011

Camila Zamboni

Por: Anna Karla Barbosa


Camila Zamboni, 22, estudante de Design de Moda nasceu em São Paulo, capital, mas mudou-se logo cedo para Minas. Sempre teve uma paixão pelo mundo fashion. A clássica história de costurar roupinhas para as bonecas e preferir vestimentas a brinquedos já apontavam para um caminho futuro. Morou em Londres, onde teve a oportunidade de conhecer uma cultura nova e elaborar seu ponto de vista sobre a moda. Tem como maior afinidade a área comercial e pretende trabalhar como Designer desenvolvendo peças de festa, lingerie e infantil.

RETRÓS: Conte-nos um pouco sobre você e sua afinidade com o mundo da moda. O que a influenciou nessa escolha?
CAMILA: Sou uma pessoa muito antenada, viciada em internet e curiosa. Cresci lendo as revistas de comportamento que a minha avó assinava e costurando roupinhas para as minhas Barbies. Ainda tenho várias delas, inclusive as roupinhas! Quando pequena, adorava me produzir e tirar fotos, inventar roupas de fralda e imitar cantoras da época. Talvez tenha começado aí também o meu interesse. Apesar de ter tido uma infância muito divertida e saudável, lembro-me de escolher minhas próprias roupas, e às vezes até pedir roupas ao invés de brinquedos. Não sei quando foi que tive certeza que faria moda. Para mim, eu sempre soube disso. Tive a certeza que cursaria Design de Moda desde o começo do ensino médio e já pesquisava as grades das faculdades e os cursos disponíveis, além de ter feito um vestibular teste, antes mesmo de terminar o terceiro ano. Após ter iniciado o curso, a afinidade cresceu significativamente, pois pude perceber que a moda oferecia muito mais do que eu imaginava. É um meio de entender o comportamento humano, de entender o que as pessoas querem e desejam. Uma área que movimenta várias outras e que pode ditar até a cor de sofá que você vai encontrar para comprar.
RETRÓS: Em um meio em que prevalece a aparência e o gosto do cliente, com qual área você tem mais afinidade e por quê?
CAMILA: Sou muito curiosa, viciada em internet e revistas e gosto de dar palpite e idéias novas para tudo, por isso acredito que a produção de moda seria uma área que me proporcionaria utilizar estas minhas facetas. Já fiz algumas experiências informais e gostei bastante. Também gosto de  consultoria, pelo mesmo motivo citado. Acredito que tenho mais afinidade para as áreas mais comerciais e objetivas, pois tenho um pouco de dificuldade de passar para o papel e executar minhas idéias, por isso não acho que sirvo para ser uma criadora.
RETRÓS:  O que pretende para seu trabalho de final de curso?
CAMILA: No meu trabalho final de graduação, farei uma coleção de lingerie/nightwear a partir do tema “Her Morning Elegance”. Pretendo levar para a passarela uma coleção fluida, leve, e sem sensualidade óbvia das lingeries que encontramos no mercado.
RETRÓS: Além do conhecimento acadêmico, você já atuou no mercado?
CAMILA: Minha única experiência formal no mercado foi um estágio numa grande confecção em Londres, que durou uns 2 meses. A empresa tinha a sede em Londres e fábrica no Vietnã e eu transitava por todos os setores: auxiliava os modelistas e costureiros e assistia a construção das peças-piloto e também as designers em seus computadores criando novos modelos.
RETRÓS:  Quais as impressões a respeito do mercado de moda?
CAMILA: O mercado tem muitas opções, porém não acho que seja muito acessível. É um mercado fechado, uma grande panela onde, para entrar de fato e ser reconhecido, é preciso muito talento ou conhecer as pessoas certas. Assim como qualquer área, é ainda mais necessário correr atrás de pessoas, que se tornem possíveis contatos e ficar antenada em tudo o que acontece ao seu redor, e no mundo.
RETRÓS: Você citou sua viagem a Londres. Faz muito tempo que esteve lá? Morar fora mudou seu ponto de vista sobre a moda?
CAMILA: Morei em Londres do final de março ao começo de agosto de 2009. Foi uma experiência única e essencial para meu amadurecimento, tanto como pessoa, quanto como futura Designer, pois Londres é um caldeirão de culturas, pensamentos e pessoas. Num mesmo dia você vê uma muçulmana coberta até os pés, um punk de cabelo verde e coturno e uma típica garota britânica com suas roupas descoladas. A moda lá é vista de um jeito muito diferente. As pessoas seguem sim tendências, porém, misturam tudo de um jeito único, sem parecer se importar muito se aquilo faz sentido. Não é uma moda arrumadinha, ditada, como estamos acostumados a ver aqui no Brasil, o que torna o fast fashion de lá interessantíssimo, além de ser super acessível a todos os bolsos e gostos. Morar fora fez com que eu visse que a moda tem múltiplas interpretações, e que o vestir é muito mais importante do que imaginamos, e principalmente me fez perceber que a conexão de pessoas, países e línguas torna tudo muito mais interessante!
RETRÓS: De maneira geral, qual sua opinião sobre a moda brasileira?
CAMILA: Acredito que a moda brasileira tem coisas e pessoas fantásticas. Admiro o trabalho de estilistas como Glória Coelho, Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovitch e Ronaldo Fraga. Apesar de não consumir tais marcas, por não serem muito acessíveis, sei que tudo que vem destes designers é bem pensado, bem feito e bem apresentado. Generalizando, eu diria que área da moda brasileira que admiro é a de um trabalho mais autoral do que comercial, mesmo que no final das contas tudo aquilo seja vendido. Não é apenas uma moda feita para vender, e sim para encantar e fazer com que as pessoas desejem cada peça a cada nova coleção. Ainda há muito para percorrer nesse caminho, pois a moda no Brasil é muito ditada. Tudo tem dia e hora para acabar, segue-se demais as tais tendências, até que tudo banalize de tal maneira que ninguém agüente mais ver. Os brasileiros precisam aprender a se expressar através das roupas ao invés de utilizá-las com a única função de vestir.

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