segunda-feira, 14 de março de 2011

Domitila de Paulo

Por Camila Zamboni

Por causa da afinidade com a comunicação, a arte, as cores e a ilustração, Domitila de Paulo, 21, escolheu cursar Design de Moda na Universidade Fumec. Há cinco anos criando projetos que unem moda e o imaginário, ela acredita que a moda exerce um papel importante em cada época: o de comunicar. Para ela, a criação conecta-se com quem consome ou com quem absorve, não só por uma função específica, mas também pela experiência estética regida pelas emoções e vivências de cada indivíduo.

Atualmente, põe em prática suas habilidades em projetos pessoais, como nos concursos nos quais foi finalista: Minas Lança Novos Criadores e Brasil Fashion Designers. Atua também no coletivo de design de moda Não Contém Glúten, formado e idealizado por ela e outras três designers, no qual é responsável pela ilustração e criação de estampas.

RETRÓS: Para você, como a moda comunica-se e conecta-se ao indivíduo?
DOMITILA: Acho que moda tem o poder de traduzir o tempo e o sentido do indivíduo.É a imagem de cada época e de cada pessoa. Por isso, acredito que cada um se conecta pelas experiências vividas e por suas próprias interpretações. Cada indivíduo cria seu próprio meio comunicador mesmo que não tenha essa preocupação. Se uma imagem vale mais que mil palavras, a moda sem dúvida é um meio comunicador.

RETRÓS: Como se dá, para você, esse processo desde a pesquisa até a criação do produto?
DOMITILA: Acho que a criação deve estar ligada com quem cria — deve ter a sua cara. Claro que para vender, esse produto tem que estar dentro de um objetivo de mercado, por isso é importante ter uma pesquisa de público. Mas acho que não podemos nos render totalmente as tendências ao ponto de deixar de lado o seu DNA, o designer vende a idéia antes do produto. O meu processo de criação começa dentro de mim, depois para o público, em seguida o que quero comunicar a esse público. O desenvolvimento é sempre a partir desse universo.

RETRÓS: De onde surgiu o desejo e a idéia de se criar a  Não Contém Glúten
DOMITILA: A Não Contém Glúten é um coletivo de Design de Moda. Foi criado por mim e mais três amigas também designers. Surgiu com a pretensão de colocar em prática o que aprendemos na faculdade.Testar o que sabíamos e tentar ganhar dinheiro com nossas criações. O nosso primeiro projeto foi uma coleção de meias calças estampadas. O produto foi escolhido pela forte tendência que encontramos dentro das nossas investigações. Fizemos uma pesquisa de mercado e descobrimos que no Brasil as meias estampadas não eram bem exploradas até então. A partir de um tema, criamos estampas exclusivas que foram aplicadas com silk e aquarela. Produzimos um editorial de fotos e colocamos à venda na internet e em algumas lojas. Deu certo e resolvemos investir no coletivo!
RETRÓS: Quais são os próximos passos para o coletivo?
DOMITILA: Estamos formalizando o coletivo, criando espaço virtual e firmando uma identidade. Esse ano nós vamos lançar outro projeto para o inverno. O que posso adiantar é que as meias calças continuam, mas haverá novidades! Temos algumas parcerias em vista e esse ano pretendemos estender os tipos de produtos e tempo de venda da coleção.
RETRÓS: Como funciona o processo de design de superfície da Não Contém Glúten?
DOMITILA: A Não Contém Glúten ficou conhecida pelas suas estampas, e descobrimos que esse era o forte do coletivo. A criação das estampas se dá a partir de um processo de pesquisa, abordando algum universo de idéias e transformando em tema. A partir daí criamos nosso próprio painel iconográfico Eu desenvolvo as nossas ilustrações, mas a decisão é sempre de todas. Para cada processo de estamparia existe um desenho adequado, então finalizamos a criação aí.
Por enquanto continuaremos explorando as estampas, e não temos vontade de ficar presas em um só produto. Queremos trazer novidades, explorar tendências e ir transitando dentro da moda como acessórios que se tornam protagonistas, sempre com estampas exclusivas.
RETRÓS: Como foi participar dos concursos Minas Novos Criadores e Brasil Fashion Designers?
DOMITILA: Foi uma experiência e tanto! Quando você tem que desfilar uma coleção, o que está envolvido ali não é só o que se vê. Então acabei tendo que me virar da criação à administração do dinheiro que tinha disponível. Tudo isso de forma bem mínima e básica comparada a uma grande coleção, claro, mas isso agrega muito conhecimento.  Além disso fiquei muito feliz com o resultado, além de ter a oportunidade de mostrar o meu trabalho em uma passarela fora da faculdade.
RETRÓS: Dentre as áreas com as quais trabalhou, quais são as que despertam seu maior interesse?
DOMITILA: Eu gosto de criar, é muito pessoal e cada um tem um processo diferente dentro da criação. Mas fico feliz em ver resultados, ver um desenho saindo do papel e tomando forma. A criação e o desenvolvimento de moda é a área que eu quero seguir.
RETRÓS: Você pretende trabalhar em alguma  área que ainda não tenha experimentado?DOMITILA: Não tenho a pretensão de trabalhar em algo que não tenha experimentado, até que eu experimente e goste. Mas a criação de moda e a ilustração são as meninas dos olhos para mim. Quero muito investir nisso, mas pretendo fazer cursos para aprimorar o desenho e o conhecimento dentro de arte, comunicação e semiótica.
RETRÓS: De que forma seguirá na criação,  pretende abrir uma marca própria ou consolidar seu nome como designer no mercado e transitar em outras marcas?
DOMITILA: Eu ainda tenho muito a aprender, e dentro de outras marcas é que a gente vê de verdade como a coisa deve ou não funcionar. Mas o meu objetivo é consolidar o meu nome, poder comunicar a minha identidade na minha criação. Se isso puder ser explorado dentro de outras marcas, eu não vejo problema algum. No fundo, tenho muita vontade de ter a minha própria marca, mas com a condição de ser criadora. Eu não tenho vontade de abandonar a criação para virar empresária e ter que administrar uma marca!

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