terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Moda é linguagem.

Por Bruna França, Camila Yoshida e
Paula Carvalho.


Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão teórica sobre a Moda como elemento de comunicação a partir dos códigos da linguagem do vestir. Tem o objetivo de relacionar moda como meio de comunicação que se inscreve no corpo pelos elementos da ordem visual. Analisa o desenvolvimento da decoração corpórea, adornos e moda como organização da linguagem do corpo.

Palavras- chave: Moda, linguagem, desejo.

A roupa como linguagem

Desde sua origem, a roupa sempre cumpriu o papel de abrigo e aparência para o corpo. Isso vem desde os tempos da caverna, quando o homem desenvolveu hábitos de pintar o corpo ou fazer uso de indumentárias feitas com peles de animais. A veste e seus acessórios de decoração e adornos funcionam como comunicação e organização da linguagem do corpo à medida que a sociedade se torna mais complexa.

A moda é uma linguagem simbólica que ultrapassa a sua função de proteção para significar o indivíduo na sociedade. Ela é uma espécie de identidade que fala da sua condição ou opção social, profissional e sexual. Em todas as épocas, a roupa, além de sua função, explicitou significados como uma embalagem que protege, embeleza, decora e identifica o produto. Com suas cores e estilos, a vestimenta é um signo e um dispositivo da condição social e cultural através do qual o homem atende suas necessidades de comunicação e expressão.
Roland Barthes, ao fazer uma análise semiótica a respeito da moda, fala da existência de uma língua do vestuário. Para Barthes, “A moda é uma combinatória que tem uma reserva infinita de elementos e de regras de transformação”. Uma língua falada por todos e ao mesmo tempo desconhecida. A roupa tem a função não só de proteger, mas como também informar, embelezar e contestar na condição de um fenômeno semiótico, que fala de seu usuário.

A leitura da vestimenta mostra a multiplicidade, diferenças e contradições da sociedade. Valores culturais e condições econômicas que irão determinar as opções do figurino. Existem sistemas de codificação, tais como: a cor, o tipo de tecido ou o estilo do uniforme associados às profissões, crenças, identificação de classe e estações do ano. Podem informar o destino do usuário, a cada lugar um código ou um estilo.

A moda do vestuário aproximou-se da vanguarda, no processo das revoluções nas linguagens artísticas, cada época tem as suas vestes e elas integram o individuo ao meio ambiente social, cultural, tecnológico e ao grupo social. A moda pode acentuar também a divisão de classes, ou ao contrário: participar das contestações sociais. Com os Beatles, o tropicalismo e os hippies que apresentam um estilo naturalista descontraído, nos finais da década de 1960, a roupa tinha um sentido crítico, em aparente contradição com a moda corrente, imposta pela indústria da moda, produto da revolução industrial.
A partir da modernidade, designers e artistas passaram a interessar-se por desenhar roupas e objetos que atendessem à funcionalidade do mundo moderno. Os construtivistas russos criaram a roupa do trabalhador, cuja principal preocupação era a funcionalidade. Os futuristas italianos pregaram a necessidade de uma roupa confortável, prática, agressiva ágil e alegre, decorada eventualmente por lâmpadas elétricas. Os surrealistas e dadaístas posicionaram-se ironicamente, apropriaram-se da roupa como um instrumento de transformação da linguagem da arte. 


Desse modo entende-se que a moda é um dialogo, onde o sujeito consegue externar por meio da roupa, desejos, realizações e aspirações em uma reorganização estética presente na sociedade.

Bibliografia:

BARTHES, Roland. Sistema da Moda- 5ª Edição- São Paulo: Ed. Edições 70, 1999.
CASTILHA, Kathia. Moda e linguagem- 1ª Edição- São Paulo: Ed.Anhembi Morumbi, 2004.

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