quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Moda como status social

Por Bruna Martins, Deborah Viveiros e Marcela Santiago
(alunas do 8º período de Design de Moda da Universidade FUMEC – FEA)

 
Resumo
O texto a seguir fala sobre a questão do status na moda sobre uma análise sociológica abordando desde os primórdios até a sociedade atual.

Palavras-chave: moda - status-social


Através de uma análise histórica da moda é possível perceber que todas as sociedades, das mais primitivas até a sociedade contemporânea utilizam-se do vestuário e dos ornamentos para transmitirem informações pessoais. O status social é uma das principais características que desejamos revelar através dessa comunicação não verbal, ou seja, através da linguagem da moda, inicia-se através dela um paradigma hierárquico. O vestuário se torna um signo ínfimo de distinção social. A roupa e os ornamentos começam a fazer parte do patrimônio e da identidade social. E é através deste elemento fundamental, que os notórios afirmam os seus status, desde a época primitiva até a contemporaneidade.

Durante muito tempo o vestuário respeitou o seu sistema hierárquico. Para cada base social era determinado um tipo de traje, que o situava e o diferenciava das outras classes sociais. Modelo desse sistema empregado desde os povos mais antigos, o Egito é uma das primeiras sociedades que utilizou dessa linguagem. Os egípcios só poderiam usar sandálias se pertencessem à alta sociedade. Outros exemplos dessas sociedades são os romanos e gregos que controlavam o tipo de cor, número de peças do vestuário e os ornamentos que os seus povos usavam. Em seguida na idade média, o signo da indumentária se tornou tão elementar na distinção social que foi necessário criar decretos, conhecidos como leis suntuárias, que proibiam o uso de estilos específicos por classes específicas. Além de determinar o padrão das roupas, era analisado também dentro deste conceito de distinção, o estilo, as cores, os tecidos e até mesmo os ornamentos utilizados. Criando-se ainda determinadas peças para incrementar mais o vestuário da época e transmitir idéias. Os rufos utilizados pela aristocracia eram uma espécie de grande gola armada que tornava o visual empertigado e austero. Todo o processo da vestimenta era analisado e censurado através da posição hierárquica. As leis suntuárias proibiam a classe plebéia, por exemplo, de se vestirem como nobres e exibir o mesmo padrão.

Na medida em que as barreiras sociais foram se enfraquecendo, e a burguesia acumulava riqueza, e a riqueza logo começou a ser convertida em nobreza, esse paradigma começou enfraquecer. Os emergentes começaram a utilizar roupas mais elaboradas, mas sem ostentar demais, a discrição era uma crença importante, a falsa modéstia. A cor preta foi sendo empregada, e começou a representar certa ambivalência entre renúncia ao exibicionismo. O preto representou a burguesia, o novo rico. O uso de cores lisas e marcantes, o uso de adornos e logicamente o custo evidente das roupas passou a designar a classe social.

Esta orientação social ainda que menos determinante na contemporaneidade, ainda persiste. O vestuário continua se sustentando como um dos maiores fatores de indicação social. Sendo ainda o atual universo globalizado, mais dinâmico e até mesmo acessível, as grandes marcas e as constantes novidades se tornaram o amuleto para as altas classes sociais que ainda necessitam transmitir indicação de poder e distinção. O culto as novidades e a capitalização criaram um novo universo de paradigmas sociais ainda maiores. É necessário ter o novo e o caro, para ter a sua justa posição social ou até mesmo a sua ascensão social. O consumo do vestuário é necessário para sustentar o status e a distinção social no mundo atual. A aparência - referindo-se a praticamente a 50% ou mais ao vestuário, é o cartão de visita - e é fundamental na contemporaneidade desde o âmbito pessoal ao profissional. Ou seja, a linguagem da moda é o fator principal na indicação do status social.

A experiência do status mostra que a moda não é apenas a renovação de roupas, mas também a renovação dos traços distintivos entre os indivíduos, das relações estabelecidas, dos juízos de valor e da visão que temos sobre nós mesmos. Assim, há experiências individuais em jogo envolvidas tanto com a moda quanto a sociedade, que tem seus mecanismos para regular, aprovar ou reprovar nossas ações.


 
Bibliografias:

LIPOVETSKY, Gilles.O Império do efêmero – A moda e seu destino nas sociedades modestas. Editora Companhia das Letras, SP, 2002.

WAJNMAN, Solange e ALMEIDA, Adilson José. Moda comunicação e cultura – Um olhar acadêmico. Editora Arte e Ciência, SP, 2005.

LURIE, Alison. A linguagem das roupas. Editora Artemídia Rocco, RJ, 1997.




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