terça-feira, 12 de junho de 2012

Vitrine



Por: Maria Rita Vieira e Nathália Nunes.

Resumo:
Ao se deparar com uma vitrine o universo cognitivo de cada observador o faz sentir necessidade de possuir determinados objetos, sensibilizados sensorial e afetivamente. A partir daí apresentamos as diversas possibilidades de chamar a atenção de quem passa em frente à vitrine, apresentando os diversos recursos utilizados na composição de uma vitrine e a maneira como esta incentiva o consumidor na compra final.

Palavras-chave: história, cenário, sensações, iluminação, cor, mercadorias, venda.

A vitrine

Na Idade Média, os artesões mostravam seus produtos tanto em ambientes públicos como no interior de suas casas, nas quais as portas e janelas de suas residências se transformavam em vitrines. A vitrine não só mostrava os produtos, mas também expunha o modo como estes eram valorizados e inseridos no meio urbano. Havia também o homem-vitrine ou vendedor ambulante que apresentava as mercadorias sobre o seu corpo, explorando sua criatividade para direcionar o olhar do passante para si.

As vitrines são imagens comerciais que se espalham pelas feiras mundiais, pelas ruas e galerias, provocando sensações e criando laços, atraindo com a intenção de vender o que as pessoas precisam e o que são incentivadas a precisar. Ela também tem o poder de moldar o olhar pela atração, fazendo com que o passante pare para observá-la, criando um ambiente de sedução através do cenário que esta incorpora em seu interior. A vitrine serve para manipular o observador e induzi-lo à compra. A vitrine é mais que uma manifestação, é também uma discussão de uma construção textual, onde se coloca um produto em percepção para que os demais possam percebê-lo.

Hoje as vitrines se utilizam de vários artifícios, manequins, luzes, cheiros, texturas e outros recurso que podem ser utilizados de acordo com o tema, aguçando a percepção do observador e fazendo que ele crie uma identidade com a loja.


As vitrines das cidades tendem a refletir a dinâmica e o imaginário da paisagem urbana. Elas expõem produtos, marcas e serviços, lançando mão de toda uma programação visual no espaço da loja, com o objetivo de incentivar a compra.


Ela é mais do que um espaço de exposição, na medida em que reflete o sujeito que a observa, ela cria um laço com o mesmo. É considerada hoje uma técnica de mercado para atrair o cliente e estimular o consumidor a entrar na loja.


Estudiosos acreditam que a vitrine aumente até 50% das vendas. Um grande desafio hoje para o varejo moderno é criar experiências de consumo de acordo com o estilo de vida de cada segmento de público.


Uma vitrine mal elaborada pode passar um sentido distorcido sobre o produto fazendo com que haja uma queda de venda.

A vitrine deve ser cuidadosamente planejada em todos os sentidos, para que fique claro a sua mensagem ao seu público-alvo.


Em geral são colocados em exposição peças de destaque da linha de produtos da loja, lançamentos, novidades, podendo se apropriar do espaço para mostrar produtos de boa qualidade que a loja comercializa. Uma questão que muitos vitrinistas se atrapalham é quanto ao volume de informação, isso pode confundir seu cliente e fazer com que ele perca o interesse.


A vitrine deve estar sempre em consonância com a loja, para que haja uma comunicação clara. A iluminação, temperatura, som ambiente são elementos importantes para promover o produto. O cliente deve sempre se sentir a vontade desde o momento em que se encontra com a loja por meio da vitrine ao momento em que fecha uma compra no interior de estabelecimento.

A iluminação do cenário é o que mais chama a atenção na vitrine, sendo o primeiro elemento a ser pensado, o primeiro a ser instalado e o último a aparecer na composição, pois só quando a luz é acesa insere-se no discurso da vitrine a transformação projetada, almejada e, normalmente, alcançada. A luz demarca o produto a ser apresentado, suas diferenças em relação a outros equivalentes, profundidade e teatralização da encenação. A luz não deve ser vista, somente percebida. Ela possui propriedades que também podem ser aplicadas à construção das vitrines.


A iluminação, o brilho e o cromatismo, tornam possível modalizar a luz pela maneira como incide sobre os produtos na montagem, ao focar, direcionar, colorir e materializar os elementos no espaço visível de um modo organizador, como um universo coerente e significante.


As funções da luz são: transformar alguns elementos constituintes da vitrine, mudar a aparência das texturas e complementar o cenário aumentando seus efeitos de sentido que evocam no espectador sensações visuais e táteis, a fim de seduzi-lo.


A vitrine tem uma apreensão, tanto intelectiva quanto sensível, de forma simultânea num primeiro momento e, no instante seguinte, os elementos são apreendidos por partes, ou seja, um a um.


Conforme a quantidade de observadores em frente à vitrine será determinada sua leitura, isto é, a marcação dos planos, a instalação dos produtos, dos elementos decorativos e dos suportes de apoio.

A gama de matérias é múltipla e de grandeza infinita, pois qualquer matéria – de papel a madeira, de plástico a metal, de tecido à pedra, de sucata a obras de arte – serve para criar efeitos de sentido, sensações ou fantasias, resultando em encenações inusitadas. Os suportes têm qualquer forma e podem ser de qualquer material: um manequim, uma tábua natural ou forrada, um cabideiro de madeira ou metal, placas de vidro, de acrílico ou de aço, aramados, telas, caixas, bancos, enfim tudo se transforma em suporte. Cabe ao vitrinista escolher o material ideal a ser utilizado. A ideia principal é inovar, visando novas experiências através de suportes conhecidos.

A cor é outro elemento fundamental para o vitrinista, pois supera barreiras linguísticas, proporciona comunicação que vai do consciente ao subconsciente e, quando bem utilizada, constitui um dos principais elementos para fazer com que o observador seja atraído de forma sedutora pelos elementos de composição do cenário e induzido a entrar na loja.


A boa combinação da cor e da iluminação das vitrines pode elevar em até 75% as vendas das lojas de varejo. Quando trabalhadas de forma correta, exerce um poder de domínio e impacto enorme, chamando a atenção do cliente e aguçando sua curiosidade.


As cores quentes estimulam as pessoas e as deixam mais dispostas. São usadas para alegrar o ambiente, interessantes para lojas que atendem a um público adolescente, segmento teen ou mesmo lojas infantis, que buscam cores alegres.


Cores frias proporcionam calma e tranquilidade, são bastante utilizadas em hospitais, lojas de informática, livrarias e lojas de discos.

A partir dos sinais captados por qualquer pessoa até a aquisição do produto, estímulos e sensações levam a comportamentos diferentes. De acordo com o universo cognitivo de cada consumidor, depois da sua experiência vivida, ele será incentivado a desejar possuir tal produto, e assim, a compra será realizada: quer seja uma compra razoável economicamente, quer seja uma aquisição simbólica e não-razoável economicamente. Para isso, as montagens partem da esfera da intimidade para a esfera pública, passando pela esfera pessoal e social, pois o produtor do texto-vitrina olha primeiramente para dentro de si depois para o que os outros olham neles, na lógica sob a qual se constrói a própria recepção das vitrinas.



Bibliografia:

Vitrina: Construção de Encenações / Demetresco, Sylvia. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2001.
Vitrina do Outro Lado do Visível - Solange Bigal . São Paulo: Nobel.
Vitrina em Diálogos Urbanos / Demetresco, Sylvia. São Paulo : Editora Anhembi Morumbi, 2005.
Bibliografia Complementar:
http://www.mundocor.com.br/cores/cor_vitrine.asp, acessado às 11:20hs, 04 de Junho de 2012.
http://www.megapolomoda.com.br/novidades/detalhe/305/, acessado às 11:20hs, 04 de Junho de 2012.

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