Resumo: A desconstrução, um
estudo filosófico que abrange várias áreas do conhecimento, tem em Jacques
Derrida um de seus primeiros estudiosos e apresenta uma nova forma de se pensar.
Em tal conceito, não há a intenção de destruir o objeto estudado mas sim
dar-lhe uma nova estrutura e funcionamentos diferentes. Esse conceito ganha
força na moda principalmente na década de 80 com a chegada dos japoneses na
moda ocidental
Palavras chave:
Desconstrução, Derrida, moda, Yohji Yamamoto
Desenvolvido
pela primeira vez por Jacques Derrida em
1967 na obra publicada Gramatologia (São Paulo: Perspectiva, 2004) conceito
de ‘desconstrução’ foi tomado da
arquitetura e significa a deposição, decomposição de uma estrutura. A desconstrução
engloba questões filosóficas,
literárias, políticas e intelectuais que proporcionaram um abalo no pensamento ocidental,
já que ele se apoiava, muitas vezes, em
relações binárias para estabelecer uma hierarquia ou supremacia de um
termo sobre o outro. O trabalho de Jacques Derrida apresenta-se como um
incessante trabalho de investigação que coloca sob suspeita os discursos da
Filosofia e das Ciências Humanas, da Literatura e da História, da Fenomenologia
e da Psicanálise, ao questionar, inclusive, o próprio conceito clássico de
ciência.
A
Desconstrução é comumente compreendida como um pensamento teórico que pretende dar
um novo olhar às correntes hierárquicas sustentadoras do pensamento, tais como,
dentro/fora; corpo/mente; fala/escrita; presença/ausência; natureza/cultura;
forma/sentido. Derrida afirma que: “desconstruir a oposição significa,
primeiramente, em um momento dado, inverter a hierarquia” ( Campos apude
DERRIDA, p.48, 2001).
Desconstruir algo é mostrar que ele não é natural e nem inevitável
mas uma construção e mostrar que ela é uma construção num trabalho de
desconstrução que busca desorganizá-la e reinscrevê-la, isto é, não destruí-la
mas dar-lhe uma nova estrutura e funcionamentos diferentes.
Ao estudar a desconstrução,
Jacques Derrida proporcionou significativos abalos no interior das Ciências
Humanas e, por conseguinte, no interior dos discursos sobre a Literatura, ao promover
a decomposição e a re-configuração desses mesmos discursos, de dentro e de
fora, detonando, assim, a tranquilidade de como eram feitos os discursos.
Assim, podemos aprender com Derrida, a "re-colocar, a cada vez, tudo em
jogo, de acabar para recomeçar, de acabar por recomeçar. Não no sentido de
esquecer o já sabido, de reinventar o mesmo, mas de se colocar a tarefa de
redefinir as tonalidades do acontecimento" (Campos apude SISCAR, p.141,
2005)
Mas
a desconstrução não é exclusivamente filosófica. Para além da Filosofia,
podemos observar que a desconstrução apresenta-se como uma prática de leitura
crítica, seja essa leitura de textos filosóficos, seja de textos literários
podendo se expandir para a moda, o design, arquitetura e tantos outros campos
do saber.
A desconstrução na Moda
Até
meados da década de 80, a roupa era feita com todo o glamour, os estilistas sempre
buscavam formas para o aperfeiçoamento de um bom acabamento, além de novas
técnicas para que a roupa pudesse ser impecável e caísse como uma pluma no
corpo das pessoas. No entanto, na década de 80, alguns estilistas japoneses
passaram a produzir peças que não tinham mais todo o requinte exigido pelas
pessoas, eles passaram a criar roupas não convencionais, estranhas aos olhos da
maioria que as viam, desestruturadas, amassadas e até mesmo rasgadas. Há as
peças em que as mangas foram transformadas em golas, bainhas deixaram de
existir em algumas roupas ou começaram a ser feitas sem os detalhes de dobra,
ficando até mesmo em overloques e mostrando os desfiados do tecido. Como
também, a linha base da roupa que é perpendicular ao chão, foi deslocada.
A
desconstrução de moda veio para colocar um pouco de polêmica no mundo na moda.
Esse estilo traz um novo conceito. O conceito de que uma peça pode ter várias
outras funções e gerar outras formas cujos nossos cérebros não estão
acostumados a ver. Quem já pensou em ter uma saia feita de mangas ou um macacão
feito por uma camisa ao contrário? É um tema que induz as pessoas a pensarem no
que estão vestindo e a sair um pouco dessa tendência de todos vestirem o que
está na moda.
Para complementar esse
assunto, nada melhor que pegar como exemplo um dos maiores nomes desse gênero,
Yohji Yamamoto, que desde a década de 80 já trabalha de forma expressiva e
dramática suas criações. Um autêntico alfaiate, assim chamado porque não gosta
do termo estilista, anti-moda. Suas obras
não seguem tendências e critica a rapidez no ciclo de vida de uma roupa,
preferindo criar roupas atemporais. Além de todo esse feitio, as roupas de
Yamamoto despertam um fascínio pela técnica de construção, pelo seu jeito
discreto e sombrio de ser. Seus desfiles são conceituais, e em suas modelagens
que são bastante desconstruídas tenta retratar seu cotidiano não estando
interessado na moda, em geral e sim interessado em como cortar roupas. Outro
estilista que se destaca pela modelagem desconstruída é Rei Kawakubo, mais
conhecida como a arquiteta do vestido. Tendo todo seu processo de produção
bastante conceitual.
Desconstruir é pegar ao pé
da letra, ter uma peça com inúmeras possibilidades de feitios e funções. É
pegar uma blusa, desconstruí-la e criar outras inúmeras blusas, calças saias e
até mesmo peças que não são roupas, como por exemplo, bolsas e acessórios. E olhar
uma roupa pensando em outras conexões.
Referências bibliográficas:
Jacques Derrida e a
Desconstrução: uma introdução - Neurivaldo Campos Pedroso Junior - Revista
Encontros de Vista - quinta edição
BERWIAN, Fernanda.
MORELLI, Graziella, Projeto de desenvolvimento de coleção de vestidos a partir
da desconstrução da camisa. Disponível em:
http://siaibib01.univali.br/pdf/Fernanda%20Berwian.pdf Último acesso em: 18/06/2012 ás 16:30h
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