Por Letícia Gaio
No último dia 17 de outubro, aconteceu na Universidade FUMEC, a palestra da professora do Centro para Estudos da Moda da Universidade de Estocolmo, Paula Von Wachenfeldt, com o tema: Fashion as the art of observation- A comparative study of pre modern and post modern lifestyle.
No último dia 17 de outubro, aconteceu na Universidade FUMEC, a palestra da professora do Centro para Estudos da Moda da Universidade de Estocolmo, Paula Von Wachenfeldt, com o tema: Fashion as the art of observation- A comparative study of pre modern and post modern lifestyle.
Von Wachenfeldt iniciou a palestra abordando características da corte francesa do século XVII, descrenvendo a vida social naquela época como um espetáculo, centrado na aparência e construida a partir do “eu”. Segundo seus estudos, no castelo de Versalles viviam cerca de 10.000 pessoas, e cada uma dessas pessoas ocupavam uma posição especifica. A arte de observar o outro era a forma utilizada para entender a vida na corte.
Para manter a organização das diferentes classes que viviam na corte foi criado o livro Letters patentes de declaration- nesse livro haviam as leis que definiam as roupas que cada classe social deveria usar e os itens proibidos a cada uma. Isso evitava que uma pessoa de classe inferior fosse confundida com outra de classe superior, já que o vestuário era uma forma de comunicação que afastava e aproximava diferentes classes.
Naquela época, a honra o respeito e a aparência eram os meios de um indivíduo ser aceito socialmente, e a rejeição era considerada o maior dos castigos. A aparência ia além da vestimenta. O grupo era o espelho que causava a queda ou ascensão social.
As mulheres da corte atuavam como criadoras de tendências, pois o que elas usavam era imitado pelas mulheres da cidade. Nessa época existia um alto consumo gerado principalmente pela burguesia.
Em um período posterior, foram criados os salões onde eram promovidas as trocas de idéias: um meio íntimo para estabelecer importantes conversas. Esses salões eram democráticos, pois eram freqüentados por pessoas de todas as classes sociais. Nesses ambientes aconteciam danças, músicas e atividades prazerosas. E foi lá que iniciaram as idéias Iluministas, em que o luxo, o consumismo e o materialismo passaram a ser criticados. Foi nesse contexto que surgiu a democratização da moda, com a criação de lojas de departamento para a população de massa. A sociedade passou a ser pré industrial.
Em um segundo momento a palestrante analisou as mídias socias atuais, quando apontou o facebook como um canal de comunicação aberta para massas substituindo os sarais que aconteciam nos salões antigamente. Segundo ela, essas redes sociais são uma forma de cultuar o “Eu”. Nelas usuários egocentricos publicam verdadeiros diários de suas vidas pessoais.
Se antes a moda era ditada pelas classes mais altas e copiada pelas mais baixas, hoje os blogs permitem que qualquer pessoa, independente de ser especializada no assunto ou não, seja criadora de tendências de moda. O ato de observação continua sendo o meio de existência da moda. Parafraseando Von Wachenfeldt, “A moda como estilo de vida é a arte que vem do ato da observação”.
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