Bruna Abreu

Por Taciana Leite

Bruna Abreu, futura designer de moda, nascida em Belo Horizonte/MG. Filha de Eliete Abreu, costureira, Bruna sempre gostou de tecidos, aviamentos, pedraria e bordado.
Trabalha junto com sua mãe desde os 15 anos em um estúdio de moda que funciona em sua casa, onde produzem peças sob medida para seus clientes. Eventualmente participa de feiras e bazares.
Com previsão de formatura para 2012 pela Universidade FUMEC, Bruna já reune várias experiências na área da moda. Em 2008 foi para Londres onde passou um ano e meio estudando e trabalhando; fez curso de moulage e modelagem na Central Saint Martins; trabalhou na feira de Candem Town produzindo bolsas de couro; participou de trabalho gráfico para  Fashion Branding (fashionbranding.com) criando obras com apresentações visuais, como identidade visual, propaganda em panfleto, uso de plotter, vinil e prensa de calor para telas de impressão. Em 2009 teve sua própria exibição durante um mês no Deli Cafe em Soho, Londres (couturebags.co.uk), onde exibiu ilustrações e bolsas. Foi vendedora assistente de tecidos finos para a loja Joel & Son fabrics, Chuch st. Londres; trabalhou como estilista para Mordex , confecção de atacado e varejo em Londres no Brick Lane, com liberdade de criação de roupas e bolsas em couro.
Voltou para Brasil em 2010 retornando aos estudos. Desde então faz curso de modelagem corte e costura com a modelista Junia Mello. Neste mesmo ano fez curso na UNIR em Design gráfico: Photoshop, In Design, Illustrator. Em outubro ganhou o 2° lugar no concurso de novos criadores Minas Shopping ACQUA.
No início do ano 2011 foi uma dos dez finalistas do Concurso da Audaces Brasil Fashion Designers. Para representar Minas Gerais, apresenta oito looks com o tema Arthur Bispo do Rosário.

Retrós - Porque escolheu Londres para estudar moda?

Bruna - Me interesso muito por história. O sonho de morar na Europa, vivenciar culturas e tradições, sempre me flertou. Londres é uma cidade vanguardista em termos de arte e oportunidades. O aprimoramento da língua inglesa combinado com estudo e prática do universo fashion Europeu foram o ponto de partida para minha escolha.

 

Retrós - O que é preciso para fazer os cursos que você fez em Londres?

Bruna - Nos cursos chamados de “short courses”  qualquer pessoa pode se inscrever, não é preciso ser estudante de moda, apenas ter conhecimento da língua. A duração é pequena. O que fiz durou três meses.

Retrós - Como começou seu trabalho na feira de Candem Town desenvolvendo bolsas, alguém trabalhava com você? Você tinha total liberdade de criação?

Bruna - A feira de Candem Town é composta por pequenas barracas dentro de um mercado. Eu produzia bolsas artesanalmente junto com Moustapha. A produção era pequena e eu tinha liberdade de criação, então eu usava os materiais que havia no estoque.

Retrós - O seu trabalho diferenciava dos trabalhos das outras pessoas que criavam com você? Como?

Bruna - Candem Town fica em um bairro com estilo Punk em Londres. Na feira havia muito couro, metal, roupas fluor e bem coloridas. As minhas bolsas eram únicas por serem feitas a mão e com o estilo mais romântico e brasileiro.

Retrós - Como veio o convite para expor seus trabalhos? Como foi feito o vídeo?

Bruna - Uma amiga brasileira produz o evento Braziliality. Cada mês um artista brasileiro é convidado a expor seus trabalhos. O vídeo é apresentado no cinema na sala ao lado e o curta é geralmente exibido por outro artista.

Retrós - O que difere a moda do Brasil da de Londres?

Bruna - A moda londrina é vanguardista, acreditam no exagero e na novidade. Os estilistas são loucos, criam performances, ilusionismo e muita diversão. Os melhores estilistas julgados por min são naturais da Inglaterra, embora todos produzem seus desfiles em Paris. O London Fashion Week não tem os melhores desfiles das semanas de moda do mundo, o que me fascina são como as pessoas estão ligadas a uma imaginação fértil e sempre preocupadas em pescar os futuros criadores.  A moda na rua é muito diversificada, as pessoas são criativas e possuem grande estilo ao se vestir.  Nas compras, o fast fashion é super barato e é possível encontrar peças legais de bom acabamento. O tecido é inferior, mas a modelagem bem trabalhada. O high fashion, com qualidade superior à das lojas de departamento, possuem grandes marcas, como: Karen Miller, Paul Smith, Burberry, entre outras. O preço chega a ser acessível.  A alfaiataria na rua Saville Row é simplesmente maravilhosa! As pessoas que já passaram por lá entendem como são bem feitos os tradicionais ternos Ingleses.
A moda brasileira é mais básica. O clima deixa as roupas mais leves e um pouco menos elegantes. No Brasil ainda se faz muita cópia. Creio que por isso a moda brasileira parece não ter toda a magia da moda londrina. As lojas de departamento possuem qualidade muito inferior ao padrão europeu. Algumas marcas elitistas brasileiras possuem identidade, me surpreendo com Maria Bonita e Alexandre Herchcovithch, embora pratiquem preços exorbitantes.

Retrós - Como foi seu trabalho para confecção? Que estilo de roupas você criava?

Bruna - A confecção trabalha principalmente com atacado e encomendas feitas por clientes. Eu tinha liberdade de criação no varejo, a produção era pequena. O material usado é o couro. Criei vestido, jaquetas e bolsas.

Retrós - Como é o seu processo de criação?

Bruna - Penso no meu publico consumidor, imagino quem poderá usar a peça, crio um tema e pesquiso formas, conceitos e acabamento. Com a modelagem pronta, depois vem o teste em material inferior (tela), faço as correções e assim começo a cortar o material escolhido. Até agora minhas peças são muito únicas, não consigo reproduzi-las e cada uma tem uma história diferente para contar.

Retrós - O que significou para você participar do Minas Shopping ACQUA?

Bruna - Foi maravilhoso, senti satisfação ao ver tudo pronto. Recebi um e-mail de elogio do estilista Rodrigo Fraga, o que me deixou muito feliz. A produção do desfile foi bem profissional e a passarela muito bem produzida. Fiquei em segundo lugar por causa de um ponto, isso prova que as pessoas gostaram do meu trabalho.

Retrós - O Audaces Brasil Fashion Designers é um concurso grande, como está sua expectativa?

Bruna - Desejo muito ganhar. Estou trabalhando quase dezoito horas por dia desde janeiro. Não tenho tempo de sair de casa e toda produção está por minha conta e da minha mãe, que costura as peças. Está ficando tudo lindo, e a cada hora que um look fica pronto fico dez quilos mais leve. A expectativa é enorme. Não vejo a hora de chegar o grande dia com tudo certo e no seu devido lugar. Participar de um concurso como este e principalmente na cidade de São Paulo, é muito bom para minha carreira, os contatos e experiências são levados para sempre.

Retrós – O que a participação nesses dois concursos vem mudando na sua prática profissional?

Bruna - A garra em produzir os looks, a satisfação em vê-los na passarela, as fotos são inexplicáveis. Ganhei muita experiência, minha costura, detalhes e acabamento melhoram cada dia mais.