sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Da Arte para a moda: O concretismo nas passarelas

Por Dayane Lourenço, Izabela Botega, Maressa Zema, Maria Izabel Pires
( Alunas do 8° período do curso de Design de Moda da Universidade Fumec)
Resumo:
Este artigo visa a buscar e explorar possibilidades de uma liminaridade e sinergia entre moda e arte. Vamos levantar e explorar as possibilidades de uma moda que dialoga com o campo das artes e com uma arte que mantem um dialogo com o campo da moda sob influência do movimento concretista.
Palavras Chaves: Moda, Arte, Concretismo
Desde os tempos mais remotos a moda e a arte mantêm uma relação estreita, e mesmo a moda é considerada por alguns como uma forma de arte. A moda está presente em galerias, museus e outros espaços “artísticos”, assim como a participação de artistas em desfiles e catálogos de moda tem aumentado constantemente. Para SILVA MOTA

“a integração arte e moda, essa colaboração entre áreas que existe hoje, permite uma expansão de suas experiências e dos seus conceitos, uma vez que tanto a arte quanto a moda tornaram-se peças importantes para gerar novas formas de percepção e relação com o mundo.”

Ainda Segundo Silva,  “pensar a relação arte e moda implica estudar o objeto de arte, assim como o objeto de moda como reflexo do seu tempo e de sua sociedade.”. Para tal, é necessário conceituar arte e moda, apesar da dificuldade desta tarefa, não pela ausência de definições na produção acadêmica e na literatura, e sim pela variedade e amplitude de conceitos e de análises disponíveis, em campos do saber correlatos ou não.
No final de 1951 aconteceu a 1º Bienal de São Paulo, introduzindo o Brasil na arte internacional e trazendo idéias vanguardistas que estavam em vigor na Europa.  Estabelecia-se, então, um eixo cultural formado por Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1956, o movimento concretista brasileiro é apresentado na Exposição de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, servindo como inspiração para estilistas e designers brasileiros.
O Concretismo foi bastante influenciado pelo Construtivismo Russo e caracterizou-se por deixar de lado  figuração e fazer uso da abstração. O figurativo desaparece dando espaço a uma estética geometrizada. Agora o concreto é aquilo que você está vendo. A redução sistemática e o ceticismo fazem do concretismo a primeira arte do Brasil a acompanhar um pouco o seu tempo, e ter fortes referências estéticas com o minimalismo. Os dois centros culturais mais fortes do concretismo foram Rio e São Paulo, o que de certa forma fez com que o movimento se tornasse um pouco elitista. A literatura, a música e a moda sofreram influência do movimento.
A 17ª edição do Fashion Rio, dedicada à temporada Primavera Verão 2010-2011, apresentou coleções com looks boêmios, descontraídos e com referência ao movimento concretista brasileiro através de  várias estampas e shapes.
Seja qual for o estilo da coleção ou inspiração utilizada, as marcas investiram em looks  boêmios e descontraídos  com as passarelas cheias de peças clássicas reinventadas em looks contemporâneos. As padronagens tiveram um papel de destaque em muitas coleções, principalmente para os homens, em peças cheias de referências a décadas passadas e  estampas geométricas e abstratas fazendo uma homenagem ao movimento concretista. Dentre as marcas que mais se destacaram encontramos a TNG que se especializou em criar peças modernas e versáteis para a moda masculina jovem e  optou por destacar suas peças com combinações diversas de padronagens geométricas – listras, xadrezes e poás. Outra marca que pode ser destacada é  R. Groove, cujas estampas foram trabalhadas em formas também compostas por listras e xadrezes trazendo uma  das coleções mais influenciadas pelas padronagens geométricas. Ausländer seguiu a mesma linha e  apresentou looks com  listras muito finas e próximas criando peças de efeito optical e cores que nos transmitem a sensação de contemporaneidade e tecnologia. Para completar, a Redley  trouxe shorts e bermudas com desenhos geométricos aplicados em cores claras sob tecidos mais escuros.
A moda e arte guardam aspectos em comum. No âmbito da linguagem, tanto a moda quanto a arte podem ser expressões de um tempo. Para o estilista e professor Sergio de Loof  não há diferença alguma entre a moda e as artes “consagradas”, a moda é uma forma de expressão como tantas outras, e, sua singularidade consiste na utilização de linhas e agulhas.A moda mantém um vínculo com a escultura, com a pintura e outras formas artísticas, e esse dialogo pode ser gerador de infinitas criações e leituras.

Referencias Bobliográficas:
CHIPP, H. B. Teoria das Artes Modernas. São Paulo ,Fontes, 1988
MOTTA, Silvia. Os sentidos da Moda e Arte. Rio de Janeiro,Positivo, 2000

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