segunda-feira, 14 de maio de 2012

Alfaiataria Irreverente


Por Laurie Venturi e Priscyla Abreu

Marcelo Blade é alfaiate há 19 anos, herdou esta arte de fazer roupas de seu pai, Hermano. Ele confecciona ternos, costumes, camisas de tecidos nacionais e importadas e calças avulsas sob medida. Além da alfaiataria, Marcelo Blade também tem a linha Gastrô, que produz uniformes de qualidade para organizações empresariais, buffets e restaurantes.Tem como proposta uniformes tanto conceituais quanto funcionais. Com seu jeito irreverente e sempre atendo à arte, Blade tem como inspiração a contemporaneidade, e transforma os acontecimentos em um diálogo artístico.

Revista Retrós: Como você iniciou seu trabalho como alfaiate?
Marcelo Blade: É como diz o ditado: filho de peixe, peixinho é. Meu pai era alfaiate e passava os domingos riscando paredes com giz. Meus brinquedos eram carretéis de linha. Conhecia o universo do vestuário masculino de alta qualidade e bom gosto, isso eu adquiri com a convivência com meu pai. Montei uma confecção masculina Blade Runner, para o qual sempre tive bom gosto para criar tudo que é do universo masculino.

Revista Retrós: Conte sobre sua experiência profissional.
Marcelo Blade: Se somar a carreira do meu pai e a minha, juntos nós temos 72 anos de tradição em Belo Horizonte. Nós podemos até contar a historia da evolução política, a evolução dos empresários da cidade por toda essa clientela que nós formamos, e nosso trabalho é de alta qualidade. A roupa tem a cara do dono. Fazemos roupa para empresários do mais alto escalão.


Revista Retrós: Qual o perfil do consumidor de Marcelo Blade?
Marcelo Blade: É um homem que sabe o que quer. Ele tem uma condição social elevada, são formadores de opinião. São empresários, médicos, dentistas, advogados, artista plástico, governador, presidente da república, jogador de futebol ou donos de boate.


Revista Retrós: A tendência também reflete na sua alfaiataria ou os clientes preferem o clássico?
Marcelo Blade: Aqui o nosso forte é o executivo de classe alta, que é dono da sua empresa, e dá preferência ao estilo clássico.


Revista Retrós: Quais eventos mais importantes que você já participou? Comente.
Marcelo Blade: Em 2011 fomos à Itália para um congresso internacional mundial de alfaiataria, e foi uma das experiências mais agradáveis que eu já tive a oportunidade participar.  Ver como um alfaiate “é pra quem pode” e é chique, de bom gosto.  A nossa moda é anti-moda, é do tamanho do corpo do cliente, então cada meio centímetro faz toda a diferença. Se levarem um terno de um cliente Marcelo Blade para lavar, é possível que ele seja devolvido sem etiqueta de identificação, porque a roupa é a cara do cliente e exclusivo para o mesmo. Esta é uma característica do nosso trabalho.


Revista Retrós: Além das roupas sob medida você também tem uma linha de uniformes. Qual o foco e o diferencial da sua linha de uniforme?
Marcelo Blade: Eu tenho uma carreira que eu mesmo inventei. Eu faço umas performances, tenho uma bicicleta que tem uma arara, e apareço nos lugares causando bastante estranheza em todo mundo. De repente surgiu aquela alegria, e eu inventei o avental como um produto que o cliente pode levar na hora. E ele é um desenho meu, eu entrei no universo feminino com ele. Para mim é uma obra de arte, de tão lindos. Ele veste em qualquer pessoa, a modelagem é universal. É um colete e é avental, e a partir daí foi expandindo, nós temos caps, dólmãs que eu estou pintando, já pintei no Edifício Maleta ao vivo, foi um furor de alegria... Mas quanto à linha gastronômica, eu adoro ir para bares, restaurantes, e sentar com os proprietários. A minha linha de uniformes é mais luxuosa. Tudo que nós fazemos vem para somar na qualidade da casa.


Revista Retrós: Fale um pouco sobre o Blade artista.
Marcelo Blade: O blade artista é feliz demais. Ele apronta e nem sabe o que vai fazer. Vai aprontando e apresentando. Tivemos um convite da Galeria Colméia o Edifício Maleta, feito por jovens de 26 anos. Para mim, eu estou ficando cada vez mais novo. Meus projetos são para agora. Eu sou um cara “now”. Então estamos preparando para levar para esta exposição que vai durar duas semanas.
O blade artista é uma pessoa atuante, está envolvido com um monte de processos e de experiências. É tanta informação que parece que eu sou uma internet, com a cabeça disparada.  Esse é o cara que o Blade virou, que eu mesmo inventei, ele está a mil.


Revista Retrós: Você faz conexão entre arte e moda? De que forma?
Marcelo Blade: O trabalho da alfaiataria é impecável, mas se for para eu customizar uma roupa tenho uma facilidade tremenda. Eu acho que eu sei até o que vai acontecer como tendência. Eu sempre tenho essa leitura, o que desejo é ser cada vez mais jovem com minha cabeça. E atuar como já estou atuando, com muito carinho, competência e dedicação.


Revista Retrós: Qual o trabalho mais inusitado que já fez ate hoje?
Marcelo Blade: No encontro de colecionadores de fusca em Tiradentes, eu inventei um capô de fusca. Fui para o Festival da Loucura em Barbacena e fiz um churrasco de pedras e solas de sapatos. Fui convidado por uma aluna para entrar em seu desfile, na hora que entra a estilista, e fui todo “parangolé”, na hora que entrei todo mundo foi ao delírio. Para mim, parece que eu sofro para desvendar as coisas, mas na hora que apresento meu trabalho é um gozo. Com a alfaiataria eu posso bancar meus projetos, então eu desejo isso para todo mundo. Para mim o sucesso é isso, fazer o que se quer.


Revista Retrós: Como você divulga sua marca?
Marcelo Blade: Isso acontece o tempo todo. Sou um marketeiro velho, que não para nunca.


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