Resumo:
O artigo aborda as figuras femininas que viraram ícones do cinema e também da moda através de personagens interpretados por tais. Mostrando que esses ícones fazem parte da história da moda e são ditadores de tendências por várias gerações.
O artigo aborda as figuras femininas que viraram ícones do cinema e também da moda através de personagens interpretados por tais. Mostrando que esses ícones fazem parte da história da moda e são ditadores de tendências por várias gerações.
Palavras-chave: moda, cinema, ícones, tendências.
O cinema surgiu no século XIX com os irmãos Lumière fazendo sua primeira apresentação no Salão Grand Café, em Paris. O evento que foi presenciado por pouco mais que trinta pessoas causou comoção e espanto. Auguste e Louis Lumière inventaram o cinematógrafo, um aparelho portátil que consistia num aparelho três em um: máquina de filmar, de revelar e projetar. Em pouco tempo, depois da divulgação da técnica e interesse de alguns pelo assunto, os pequenos filmes passaram a ser produzidos com maior freqüência e o cinema se consagrou como sétima arte.
As primeiras filmagens não tinham uma grande preocupação com a estética e eram voltadas a narração de fatos e registro de acontecimentos banais. Elementos como figurino e cenário não eram considerados relevantes, mas depois da Primeira Guerra Mundial quando iniciou-se a ascensão do cinema em Hollywood a moda entrou como grande elemento de caracterização de personagens, criando também mais realismo para as cenas filmadas. O figurinista André Bessa cita a relação da moda com o cinema:
“Moda também sempre foi o espelho dos grandes movimentos da humanidade, assim como das revoluções científicas, sociais, culturais e tecnológicas, sendo o cinema a grande vitrine dessas transformações. No trabalho de pesquisa e na execução de um figurino, estilistas são sempre referência no trabalho de figurinistas, e muitas vezes incorporam suas criações no guarda-roupa de algumas personagens” (BESSA, 2002)
Hollywood foi claramente a primeira indústria do cinema a lançar ícones a partir do grande apelo das imagens de atrizes, que logo depois se estendeu a Europa também. A moda foi elemento fundamental para que isso acontecesse, o figurino passou a ser um signo de seus personagens, criando estereótipos e imortalizando diversas atrizes em seus mais importantes papéis.
Os figurinistas não eram grandes conhecidos do público como é citado no livro “O século dos estilistas”: “Os criadores de figurinos raramente eram conhecidos do grande público. O trabalho da moda nos filmes sempre foi prestar um serviço complementar, deveria atuar como apoio.”
Um marco dessa mudança foi em 1928, quando o estilista Adrian foi trabalhar na produtora cinematográfica MGM, e estilistas e figurinistas começaram a sobressair e assinar não só o figurino de grandes estrelas nos longas como também a imagem pessoal de diversas atrizes, criada por eles. Adrian foi responsável por tornar a atriz sueca Greta Garbo conhecida mundialmente, suas sobrancelhas arqueadas tornaram-se comuns entre as jovens da época que desde então gostavam de copiar suas maiores divas.
Enquanto Adrian trabalhava para a MGM, Travis Banton era responsável na Paramount pela imagem das estrelas. Entre elas, Marlene Dietrich, Carole Lombard e outras estrelas da década de 1930. Quando Travis deixou a Paramount a sua assistente Edith Head tomou conta do seu lugar. Foi a mulher de mais sucesso na história de Hollywood, tendo 35 indicações para o Oscar.
A relação do cinema e moda desde então se tornou uma grande indústria fomentada pela imagem dessas grandes atrizes, principalmente das que trabalhavam em Hollywood. Muito mais do que apenas um corte de cabelo, ou um vestido que usavam, tudo o que elas representavam era motivo de cópia.
As atrizes foram-se transformado em símbolos, tornando-se inspiração de uma toda uma geração. Com isso conseguiam mudar costumes, roupas e até mesmo o estilo de vida de diversas jovens, que se comprometiam a seguir os passos das tais divas.
Tudo começou com a onda musical que tomou o cinema com as melosas Love Stories. As décadas de 1930, 1940 e 1950 foram marcadas pela cobrança no visual que a indústria exercia em cima das atrizes. Elas tinham que ter sex-appeal, mas sem cair na vulgaridade, ou seja, tinham que ser sensuais para atrair o público, mas ao mesmo tempo não podiam deixar de passar a imagem de boa moça, que eram valores morais importantes da época.
Poderiam ser citados diversos casos dessa relação entre moda e cinema e como um se tornou grande aliado do outro. Mas, talvez a mais importante ligação entre esses dois elementos, que ainda nos dias de hoje causa grande comoção nos espectadores, foi a parceria criada por Audrey Hepburn e o estilista francês Hubert de Givenchy. O primeiro trabalho dos dois juntos surgiu em “Sabrina”, de 1954, no qual a atriz usou três vestidos do estilista francês mostrando toda sua elegância e atemporalidade as telas de Hollywood. Os dois juntos imortalizaram o tubinho preto usado em “Bonequinha de Luxo”, de 1961, que até hoje é considerado grande fonte de inspiração mundo afora. Givenchy sempre teve a amiga como grande referencial de moda: “Eu trabalho mais sobre modelos vivos que com manequins de madeira. Os manequins vivos são fonte de inspiração. Audrey Hepburn encarnou, para mim, um ideal feminino, por suas proporções e também por sua imagem."
Diante da imagem que vários estilistas e atrizes construíram em cima de personagens icônicos, a moda passou a ter papel de sonho de consumo para diversas pessoas. Tornou-se a maior indústria de vendas, por ter se transformado uma grande vitrine, onde tudo que é exposto se torna desejo mundial, e não apenas roupas, mas também o comportamento e o estilo de vida desses personagens.
Em um mundo onde a realidade é muitas vezes ácida, sonhar em ser a moçinha de filmes com final feliz parece ser uma grande necessidade, e até mesmo uma armadura para se proteger, diante de todo o caos que se cerca.
Bibliografia:
SEELING, Charlotte. Moda: O século dos estilistas. Itália: Könemann, 1999.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades
modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
BORDWELL, David. Figuras Traçadas na Luz. Ed: Papirus, 2009.
BAUDOT, François. Moda do Século. São Paulo: Cosac & Naify, 2002
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