segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Larissa Duarte

por Lorena Viana

Larissa Duarte tem 21 anos, natural de Divinópolis. Estuda design de moda na Universidade Fumec e trabalha no projeto sócio ambiental, ASAS.
Segundo Larissa o projeto ASAS tem como objetivo a "complementação de renda, aprendizagem e técnica, oferecendo oficinas de capacitação, produção e criação de produtos que fusionam artesanato, design e inclusão social" para os moradores do aglomerado da Serra.
Recém chegada de um intercâmbio no Peru, ela fala sobre sobre sua experiência com uma cultura diferente e das mudanças do seu olhar como designer.
Larissa conta também suas pretensões para depois de formada. Ela diz se interessar pela pesquisa de moda, análise de comportamento e estudo social.
Na entrevista ela traça seu perfil de profissional do design e conta sobre sua trajetória na moda.

Retrós: O que é moda para você?
Larissa: Moda é expressão, linguagem, manifesto social e pessoal, faz parte da descrição cultural e histórica de um sociedade.
É também uma instituição que movimenta um sistema de produção, mercado e indústria mas que sobre tudo apresenta estilo de vida, comportamento e códigos de consumo. 
 
Retrós: Quais são as qualidades necessárias para um profissional da área?
Larissa: O profissional de moda deve ser flexível, dinámico, criativo, pro-ativo, deve ler muito e sobre assuntos variados, viajar, escutar todo tipo de música. 
Desenvolver o chamado olhar 360 graus, que capta todo tipo de comportamento social, 
que analisa tendencias, que busca por novidades. Deve ser um excelente experimentador, livre de pre-conceitos e estar sempre aberto para aprender e conhecer de tudo um pouco.
 
Retrós: Qual área da moda você se identifica mais?
Larissa: Me identifico com a pesquisa de moda, análise de comportamento e estudo social. Esta área de decifrar e mapear estilo de vida dos consumidores e traçar tendências de mercado. A criação me fascina mas todo estudo e conceitualização da Moda, como um campo teorico me instiga e desperta o olhar ávido e garimpeiro para investigação.
 
Retrós:Quais são seus planos para depois de formada?
Larissa:Depois que me formar pretendo fazer um curso de Pós graduação no Rio ou em São Paulo, na área de sociologia. Também tenho vontade de trabalhar em alguma marca que tenha um estilo despojado, valores, conceito e marca bem especiais, algo em relação a artesanato, com ideais de reciclagem, sustentabilidade, reaproveitamento, que apoie a cultura local, que denfenda idéias globais de qualidade de vida, bem estar, desenvolvimenton social e humano. 
Daqui a alguns anos tenho muito interesse em ter meu próprio negócio, seria uma botique, com uma pequena galeria e livraria.
 
Retrós:Quais designers ou marcas influênciam seu trabalho e seu processo de criação?
Larissa:Primeiramente a pesquisadora internacional Li Edelkoort, para mim uma das mais importantes trend forecasters da contemporaneidade, criadora da empresa Trend Union de investigação e mapeamento de tendências. 
As escritoras e professores de Moda no Brasil Kátia Castilho e Cristiane Mesquita. 
As marcas Huis Clos e Lenny, ambas brasileiras e guiadas por duas empreendedoras incríveis, representam suavemente e sem esteriótipos a identidade de moda no país.
 
Retrós:Um profissional de design não pode parar de estudar, ele tem que estar sempre buscando novidades e reciclando seu conhecimento. Como você lida com essa questão?
Você procura fazer cursos, descobrir novas possibilidades viajando, visitando novos lugares, lendo sobre outros assuntos...?
Larissa:Eu concordo com isso, sou a favor do movimento, da busca, totalmente contra o comodismo. Penso que como alunos devemos explorar e experimentar, viajar, ler, ouvir, conversar, visitar galerias, ateliês, restaurantes, shoppings, o centro da cidade, o bairro mais chique da cidade. Sermos ecléticos, curiosos, estarmos atentos  ao estilo de vida das pessoas, como elas se comportam, o que querem os consumidores...afinal moda é tradução de sociedade e cultura, então como profissinais e criadores de design somos presenteados com material de estudo que está por toda parte. 
 
Retrós:Como foi seu intercâmbio para o Peru? O que mudou em você como designer?
Larissa:Acredito que uma viagem é uma excelente ferramenta de trabalho para o processo de pesquisa e criação em design. O designer tem que estar aberto a tudo, para se integrar na cultura do local e conhecer todas as possibilidade que oferece a viagem, desde gastronomia a descoberta do seu próprio roteiro local, entendendo como as pessoas vivem ali.
Voltei com meu network ampliado, o que é muito importante nesta área, conhecer  pessoas de paises diferentes e começar a traçar uma rede de possíveis trabalhos e projetos. 
O mundo é pequeno e temos que sair de casa para ver. Há pessoas e lugares interessantíssimos por ai, com histórias e ideias para compartilhar.
Além disso vou abordar uma temática da cultura peruana no meu trabalho final de graduação, que começo a desenvolver agora neste semestre. Trouxe todo o material de pesquisa do Peru, como livros, fotos, catálogos, que vão me auxiliar no desenvolvimento do projeto.
 
Retrós:Quais foram suas experiências na moda, fora da faculdade?
Larissa:Em 2.010 trabalhei no backstage da marca mineira Graça Ottoni no Fashion Rio, foi excelente experimentar a euforia de se trabalhar na execução do desfile. Desde 2.010 trabalho no Programa de extensão da FUMEC, ASAS - artesanato solidário no Aglomerado da Serra, que desenvolve oficinas de estamparia, costura experimental e trabalhos em bambu.
 
Retrós:Para você qual a importância social e no campo do design de um projeto como o "ASAS"?
Larissa:O ASAS é projeto incrível, referência nacional de projeto socio ambiental, que proporciona desenvolvimento e empoderamento para a comunidade como um todo. Complementação de renda, aprendizagem e técnica, oferecendo oficinas de capacitação, produção e criação de produtos que fusionam artesanto, design e inclusão social.
 
Retrós:Qual sua visão sobre a ditadura da moda?
Larissa:Acredito que o consumidor tem que ser livre e criativo para  reinvetar seu próprio modo de se vestir.
Padrões de beleza, podem ser quebrados; sou a favor da especialização e identidade de cada um. Temos que assumir nossos valores e vontades, respeitar nossas raizes. 
Aposto no rompimento de esteriótipos e clichês, a sociedade e principalmente a moda é muito mais complexa que a visão plástica e as vezes superficial que muitos consumidores têm.   
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário